[INFOGRÁFICO] Afretamento de navios: 6 principais erros cometidos por afretadores e como evitá-los
- 30/04/2019
- 14 minutos
O ato de contratar um navio é uma tarefa complexa. Essa operação comercial tem como fim celebrar o charter party, ou outro determinado modelo de transporte marítimo, e envolve uma série de nuances e detalhes.
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É necessário um conhecimento específico para que o transporte marítimo ocorra sem dificuldades. Erros podem gerar grandes prejuízos!
Mas, afinal, como realizar o afretamento de navios com sucesso? Conversamos com Márcio Campos, shipbroker da Navicorp, que pontuou os 6 erros cometidos com mais frequência pelos afretadores. Confira!
As responsabilidades de um afretador
O afretador deve ser capaz de compreender os processos de contratar um navio. “Esse diferencial faz com que problemas posteriores possam ser evitados, seja por pressa ou falta de atenção”, alerta Márcio Campos.
Garantir que a informação para a negociação do transporte marítimo esteja completa também é responsabilidade daquele que aluga uma embarcação. Mas suas tarefas não acabam aí. O shipbroker destaca que “ter conhecimento das restrições ao tamanho do navio para determinado porto também é importante, assim como as características da carga, por exemplo, o fator de estiva”. Esse ponto faz toda a diferença ao se pensar em qual tipo de navio é o mais adequado para fretamento.
O afretador, portanto, precisa conhecer os processos burocráticos, assim como os portos de carga e descarga que estão sendo buscados. É por meio desse ponto que ele terá consciência de que determinado navio se encaixa nos limites técnicos do porto. Isso significa:
- conhecer a restrição do calado (profundidade do porto e canais de acesso);
- entender se o navio vai consegue atracar no porto;
- saber se a embarcação pode operar com carga parcial;
- conhecer os custos portuários.
Também é responsabilidade do afretador fazer uma estimativa de viagem completa, sem ignorar nenhum custo e nenhuma característica do navio ou do porto! Só assim é possível evitar algumas das principais falhas que podem ser cometidas por afretadores. Entenda a seguir.
6 principais erros cometidos por afretadores
O afretamento pode acontecer para uma única viagem, chamado voyage charter, ou por um período de tempo, quando é denominado de time charter. Seja como for, o afretador deve estar preparado para realizar escolhas certas.
Pontuaremos, a partir de agora, os principais erros dos afretadores. Acompanhe!
1. Não conhecer o mercado
Quem está afretando um navio tem que estar consciente dos níveis de mercado, ou seja, do valor do frete marítimo. Afinal, o frete é considerado uma commodity e sofre volatilidade.
O profissional de afretamento precisa ficar de olho no que está acontecendo no mercado. Assim, é possível identificar o melhor momento de contratar o navio; como também de colocar uma carga no mercado, comprando ou vendendo frete.
2. Desconhecer o seu counterpart
No afretamento é preciso conhecer o seu counterpart, ou seja, saber com quem você está negociando! Para isso, é essencial fazer uma checagem de crédito. Isso significa avaliar a capacidade financeira daquela empresa que está sendo contratada.
Agindo assim, se houver um problema durante a performance da viagem ou do afretamento, há a garantia de que a empresa contratada tem fôlego para performar aquele contrato. Márcio Campos lembra que “muitos afretadores costumam ignorar esse tipo de checagem de crédito, o que pode levar a um problema no futuro”.
3. Errar no cálculo das pranchas de carga e descarga
O afretador precisa se atentar às pranchas e ritmos de carga e descarga, assim como o tempo de estadia, possível incidência de feriados, entre outros detalhes que podem gerar um demurrage excessivo — ou seja, fazer o gerenciamento dos riscos.
O demurrage é como uma multa contratual aplicada ao afretador que usa um navio por mais tempo do que foi contratado, e excede o prazo de tempo no embarque e no desembarque (ou carga e descarga). Essa multa é paga ao armador. Da mesma forma, o armador pode pagar ao embarcador o despatch, que acontece quando o navio é liberado antes do prazo estabelecido no contrato de afretamento.
4. Se precipitar quanto ao momento do contrato fechado
O afretador deve estar apto para identificar o momento no qual ele realmente tem um contrato fechado. Em geral, quando alguém está afretando uma carga ou um navio, são negociados os termos principais, chamados de main terms, nos quais estão inseridos os subjects — as condições que devem ser cumpridas.
Confira algumas possibilidades que podem constar no subject:
- vessel’s approval, ou seja, a negociação está sujeita à aprovação do navio;
- charter party details, quando a negociação está sujeita a que as partes cheguem a um acordo completo do contrato de afretamento;
- board of directors approval, que significa que quem está comprando aquele frete vai ter, por exemplo, 24h para que os seus diretores, ou management, confirmem o contrato.
Por isso, até o momento em que estejam confirmados os subjects, o afretador não tem um contrato. Márcio Campos alerta que “enquanto o afretamento está no subject, em algum ponto dos main terms, tecnicamente, qualquer parte pode fugir do contrato”. Lembrando a questão econômica, o frete é uma commodity e o mercado pode sofrer uma volatilidade, que faça com que o armador possa tentar fugir da negociação.
Da mesma maneira, um afretador que combinou um frete de US$ 10 pode desistir do acordo, caso o mercado entre em colapso e o valor despenque para US$ 8. Nas palavras do shipbroker, “isso não é elegante e nem usual, principalmente em empresas que têm uma relação construtiva e positiva, mas pode acontecer”.
5. Não ler os detalhes do charter party
A charter party, contrato também conhecido como carta de afretamento, deve ser observada em todos os seus detalhes. Atualmente, é usual que o profissional de afretamento conte com uma assessoria jurídica, em se tratando de empresas grandes — que vão orientar com relação às cláusulas fundamentais para a empresa. De toda forma, não observar os detalhes deste contrato é um erro grande!
Cláusulas de ética e anticorrupção são de grande importância e devem ser privilegiadas. Isso porque, de alguma maneira, elas servem para filtrar a qualidade do counterpart com quem se estará trabalhando. Lembrando que é na charter party que estão os dados sobre o aluguel (frete), demurrage, despatch e todas as demais informações relevantes para a gestão do contrato.
6. Desconsiderar a importância do agente marítimo
Para que todos os erros citados anteriormente possam ser evitados, o afretador pode se apoiar no agente marítimo. Um bom agente marítimo está capacitado para orientar o profissional do afretamento. “É ele que vai atualizar o profissional sobre os custos portuários mais realistas, as restrições do porto, falar sobre a fila de chegada dos navios, e te posicionar quanto ao navio que você contratou ou o navio que você está operando: quando vai atracar, quando vai sair”, lembra Márcio Campos.
O que é preciso para ser um bom afretador
Agora que você já sabe o que não fazer no afretamento de navios, acompanhe algumas características que são os diferenciais de um bom afretador:
- acompanhar as flutuações do mercado internacional;
- dominar a dinâmica operacional dos portos;
- avaliar a credibilidade do armador e dos demais profissionais envolvidos no transporte marítimo;
- se apoiar em um broker capacitado para dar suporte comercial sobre os níveis do mercado de fretes e dar apoio no momento da negociação do transporte marítimo.
O profissional responsável pelo afretamento marítimo deve ser altamente engajado com a realidade e a flutuação do mercado. E, ainda, com a política e a estratégia de transporte de sua empresa, como forma de buscar os melhores resultados. Por isso, a margem para erros deve ser nula!
Viu como que as peculiaridades do afretamento são muitas? Entenda agora como contratar uma empresa de agenciamento marítimo garante operações eficazes e menos custosas!