[INFOGRÁFICO] Quais as diferenças entre agente de carga e agente marítimo? Entenda

  • 22/05/2019
  • 12 minutos

Agente marítimo e agente de carga são dois profissionais fundamentais para a logística, mas embora levem nomes que podem confundir, trabalham com situações distintas.

No momento do embarque é possível que o afretador entre em contato com um agente de carga, ou freight forwarder, e um agente marítimo, ou shipping agent, como também é conhecido. Profissões que levam nomes que remetem a ambientes parecidos, mas que não se confundem!

Sem tempo para ler? Clique no play abaixo para ouvir esse conteúdo.

Agente de carga e agente marítimo têm atuações completamente distintas, embora igualmente relevantes. Conversamos com Daniel B. Maul Lins, fundador da Cargo Snap e sócio da Harms. Ele, que atua nas duas áreas com foco nas regiões Norte e Nordeste, explica as diferenças.

O que é um agente marítimo?

O agente marítimo ou do navio é um mandatário de uma empresa. E, considerando que cada navio é uma empresa, quando ela vai atracar ou aportar em algum país, é preciso alguém que conheça a legislação local, que tenha algum tipo de relacionamento com as autoridades, e saiba sobre os procedimentos de cada porto e terminal. Aí entra o trabalho do shipping agent.

“Muitas vezes, é também o agente marítimo que indica onde se compram as coisas no porto em que o navio atracou”, explica Daniel Lins. A figura do agente do navio supre a necessidade de informações práticas da tripulação da embarcação. “Esse profissional orienta também sobre como se portar, como atender às legislações locais, como lidar com a língua local, dando dicas operacionais”, comenta Daniel. “Se aquele navio demanda 50 portos por ano, cada terminal tem uma regra específica e um modus operandi diferente, então o agente contribui com o navio para ter uma melhor performance operacional”, completa.

Enquanto o shipping agent supre a embarcação com informações operacionais relevantes ele também defende os interesses legais do navio. Além disso, também ajuda a embarcação em caso de alguma emergência médica e dá também toda assistência aos tripulantes das embarcações. “De uma forma coloquial, ele passa a ser o concierge do navio naquele porto”, resume Daniel sobre a função do agente de navio.

O trabalho do agente marítimo começa no momento em que o navio é nomeado para atender aquele embarque específico, ali define-se qual será a empresa nomeada para atender àquela escala. A partir desse momento, ele começa a interagir com o capitão, os donos e os operadores do navio para saber como estão as coisas a bordo, para ter uma previsão e para fazer um acompanhamento de perto dessa parte da viagem.

Quando vai se aproximando da data da chegada, a interação começa a aumentar, o shipping agent vai detalhando o que o navio necessita, como por exemplo, se precisa ser reabastecido de bunker — o combustível do navio.

Seu trabalho termina quando o navio desatraca e fica livre de qualquer pendência junto àquela atividade portuária. Ali encerra-se o trabalho operacional, podendo ter continuidade apenas na forma de assistência ou consultoria.

O que é um agente de carga?

“Quando empresas precisam transportar um determinado produto entre dois pontos, talvez elas (as empresas) não sejam as mais indicadas para fazer isso. Por não conhecerem ou por não terem um grande volume para negociar com os armadores. Nesse caso, recorrem ao agente de carga”, explica Daniel Lins.

O freight forwarder trata da carga e não do navio — ele trabalha como um facilitador do processo, pode negociar em nome de vários clientes e conseguir tarifas e condições mais interessantes do que se apenas um afretador, que é conhecido como charterer, fosse direto ao mercado negociar.

“O agente de carga é, muitas vezes, subcontratado para acompanhar a carga e fazer seu tracking até o seu destino final, ele facilita a emissão de documentos também”, relata Daniel.

A figura do agente de carga também é bem-vinda quando é preciso contratar um tipo de operação logística no exterior. Esse agente provê informações sobre a logística e expertise nesse campo.

O trabalho do freight forwarder segue o processo do transporte da carga em específico para o qual ele foi contratado. Sua responsabilidade inicia-se quando se retira a mercadoria e termina quando ele entrega o que foi definido no local predeterminado.

Agentes marítimos e agentes de carga podem trabalhar juntos?

Em poucos casos o agente de carga e o agente de navio (ou marítimo) trabalham juntos, pois os contratantes costumam ser diferentes. Contudo, em muitos casos, eles trabalham complementando-se através das suas atividades, em etapas e objetivos diferentes. O contratante do agente marítimo é, na maioria das vezes, o próprio armador, ou carrier, no intuito de defender os interesses dele, já o freight forwarder é nomeado sempre pelo afretador (dono da carga).

Eventualmente, em um contrato de afretamento (COA – Contract of Affreightment), em especial de cargas a granel (bulk) ou grandes lotes de carga geral (break bulk), o charterer pode decidir em contrato quem vai nomear o shipping agent: se será o navio ou o dono da carga.

A figura do agente de carga é mais comum em navios com cargas conteinerizadas e cargas gerais. “Essas cargas costumam seguir em navios liners — que já têm rota própria e preestabelecida. Nesse caso a figura do agente marítimo já está predefinida pelo dono do navio, com exceção de quando o transporte é granel, pois, nesse caso, o afretador pode optar por nomear o agente marítimo”, detalha Daniel.

E continua, “casos de minérios, gasolina, etanol, diesel, o charterer tem poder de também opinar sobre quem será o representante daquela embarcação junto àquele terminal, porque geralmente o navio está faz a rota e para lá por causa dele”.

Nesse caso, qualquer tipo de contato e interlocução com o navio ou com o armador passa a ser via shipping agent. É ele que vai suprir tudo o que acontece durante a estadia do navio no porto. “Se ele chega dia 1 e sai dia 5, se carregou uma quantidade X de toneladas por hora, se choveu ou se teve que parar a operação, se teve greve no porto ou quebra de guincho. É o agente marítimo que repassa essas informações”, diz Daniel.

Há também os casos dos embarques de cargas de projeto, em que o afretador nomeia um agente de carga para coordenar toda a contratação da cadeia logística, desde o transporte da fábrica até o destino final, incluindo o frete marítimo. Nesse caso, o shipping agent trabalha para o carrier, mas como subcontratado pelo freight forwarder.

O que o mercado espera desses profissionais?

Para Daniel Lins, que trabalha em uma empresa com 75 anos de experiência, as profissões passaram por automação, principalmente no caso do agente de carga, mas isso não comprometerá as oportunidades no mercado.

“Nos próximos anos, calcula-se que o mercado voltará a ter crescimento sustentável, e isso quer dizer que existe espaço para todo mundo que trabalha como agente de carga, isso porque o volume de carga é muito grande”, ele ainda alerta sobre as cargas que precisam de tratamento especial. “Nem todo serviço pode ser oferecido de forma igual, alguns clientes não querem um serviço comoditizado”.

No que diz respeito ao agente marítimo, Lins garante, “é uma atividade que nunca vai deixar de existir”. Ele explica:“Isso porque é uma atividade de pessoa para pessoa, o valor agregado está na pessoa. Eu acredito que os relacionamentos comerciais tendem a ser muito mais no drive decisório, em que o preço é primordial, mas os melhores resultados vêm dos relacionamentos de longo prazo. Empresas inteligentes e maduras adotam essa postura”, conclui.

Agora que você já conhece as diferenças entre agente de carga e agente de navio, continue a navegação para saber mais sobre o despacho aduaneiro no nosso blog.

termos mais utilizados no afretamento marítimo