Entenda a relação Brasil – Japão no transporte marítimo
- 20/01/2022
- 10 minutos
A relação Brasil – Japão é antiga. Como base, é possível citar o Decreto-Lei 97, de 5 de outubro de 1892, que regulamenta a abertura brasileira às imigrações japonesas e chinesas. É interessante saber os motivos que deram início a essa ligação, visto que a história de cooperação entre os dois países se estende até os dias de hoje.
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Para entender ainda mais sobre ela, entrevistamos Toshitake Daigo, presidente da MOL Brasil Ltda (president at MOL Brasil Ltda). Acompanhe a leitura!
A imigração japonesa no Brasil
A chegada dos japoneses ao país se deu por um interesse mútuo. Enquanto o Japão buscava o alívio das tensões sociais causadas pelo alto índice demográfico em seu país, o Brasil precisava de mão de obra. Isso, em meados de 1888. Com as relações se estreitando, houve o estabelecimento de um Tratado de Amizade, Comércio e Navegação entre os dois países, em 5 de novembro de 1895.
A integração dos japoneses ao nosso território culminou em um intenso desenvolvimento para o Brasil, em especial em termos de tecnologia agrícola, ciências aeroespaciais e cultura. Já no que se refere ao campo marítimo, a relação Brasil – Japão se iniciou com a chegada do navio a vapor Kasato Maru.
Daigo fala um pouco mais sobre ela: “A empresa O.S.K. Lines (Osaka Shosen Kaisha), antecessora da MOL, comprou o navio da Marinha Japonesa em 1916. Assim, iniciaram-se as operações marítimas e comerciais entre o Brasil e o Japão. Desde então, a MOL expandiu seu serviço regular entre os países para transportar passageiros e mercadorias comerciais”.
O entrevistado destaca, ainda, o papel da Wilson Sons, especialista em inteligência portuária, nesse acontecimento. “Lembro que a Wilson Sons era o agente (shipping agent) no Brasil quando o Kasato Maru chegou a Santos”, afirma.
E prossegue: “Durante as décadas de 80 e 90, a conteinerização do negócio de transporte marítimo também teve início no Brasil. Nessa época, a MOL transformou seu serviço em full container. Desde então, apoiamos o fortalecimento entre os países no transporte de minérios, como o de ferro, e diversos produtos agrícolas por navios graneleiros”.
Daigo finaliza: “Para países localizados no lado oposto do globo, o transporte marítimo é o meio mais importante no fortalecimento de seu relacionamento e parceria”.
A evolução das relações marítimas nipo-brasileiras
Conforme visto, o Kasato Maru é o marco da imigração japonesa no Brasil. Essa embarcação ficou conhecida por trazer os primeiros imigrantes japoneses ao país, em 1908. A antiga Osaka Shosen, que hoje é chamada de MOL, comprou o navio a vapor. Em seguida, criou uma linha regular que se estende desde a costa leste da América do Sul até o Japão.
Desde então, as relações marítimas nipo-brasileiras deslancharam — exceto pela ruptura do relacionamento durante a Segunda Guerra Mundial. Após seu fim, a relação Brasil – Japão foi retomada. Inclusive, após esse retorno, a Mitsui O.S.K. Lines construiu o navio de luxo Brasil Maru usando a mais moderna tecnologia da época. Hoje em dia, a MOL está operando na terceira geração de “Brasil Maru” como o navio graneleiro de minério de ferro.
Importação e exportação
Atualmente, o Japão é uma das maiores economias do mundo. Isso faz com que ele participe ativamente das atividades de importação e exportação marítima. Alguns dos itens mais exportados são os automóveis, eletrônicos, produtos químicos e equipamentos. Já em termos de importação, o Brasil se destaca por entregar preparações para alimentação infantil, suco de laranja e carne de frango aos japoneses.
O futuro da relação Brasil – Japão
Com o recebimento do primeiro navio da MOL, novas portas se abrem. Daigo comenta sobre o que esperar. “O negócio de transporte marítimo internacional está sempre sob livre-concorrência em todo o mundo. Dessa maneira, enfrenta constantes flutuações da economia e do mercado. Para torná-lo sustentável, a MOL sempre revisa seu portfólio de negócios, buscando a melhor combinação de rentabilidade e estabilidade”, ele diz.
Expansão da tecnologia e sustentabilidade
Esse ponto trazido por Daigo é relevante. Afinal, a MOL faz fortes investimentos e pesquisas na intenção de estabelecer medidas eficazes para atingir os Objetivos de Desenvolvimento Social. O uso de combustíveis com menor emissão de CO2 e de energia eólica na navegação e a aposta em embarcações de energia elétrica são exemplos disso.
Ele informa: “Em especial atualmente, é cada vez mais importante para as companhias de navegação proteger o meio ambiente. Isso inclui medidas de prevenção ao aquecimento global. Assim, podemos desenvolver soluções eficazes de sustentabilidade que podem ser úteis ao Brasil”.
Impulsionamento dos transportes fluviais e marítimos
Daigo comenta: “O Brasil possui um vasto território terrestre e um longo litoral entre o Norte e o Sul. Portanto, não há dúvida de que o transporte aquaviário é uma medida importante na otimização da eficiência de sua economia. Para o Japão, país insular, o transporte marítimo é a medida mais importante para vincular sua economia ao exterior. Nesse sentido, é esperado que os dois países possam manter uma boa parceria e crescer juntos”.
Trocas culturais
O diretor fala sobre os pontos positivos da união entre as culturas dos países. “Na hora de expressar características de pessoas no Brasil e no Japão, costumávamos dizer que os brasileiros têm muito entusiasmo em começar algo novo. Desse modo, buscam usar novas tecnologias rapidamente. Por outro lado, os japoneses são mais perfeccionistas. Assim, fazem análises profundas para tornar uma nova tecnologia perfeita”. E finaliza: “A combinação dessas duas características pode ser muito boa para a criação de coisas inovadoras”.
A contribuição mútua da relação Brasil – Japão é ampla. Enquanto o Brasil conta com oportunidades de desenvolver novas tecnologias e atrair gigantes como a MOL ao território nacional, o Japão se beneficia, para além dos produtos importados, de uma comunidade crescente de brasileiros em terras nipônicas — que completou 30 anos em 2020.
Se você deseja saber mais sobre a contribuição da inteligência portuária brasileira para as operações internacionais, entre em contato com a Wilson Sons. Temos uma equipe pronta para tirar suas dúvidas e compartilhar nossos cases!