Entenda o que é ESG e seu impacto na indústria portuária

  • 25/02/2025
  • 17 minutos

A sigla ESG vem conquistando cada vez mais espaço entre debates estratégicos nas empresas da atualidade, diante da preocupação crescente quanto à redução de impactos ambientais causados por algumas práticas de negócio em diferentes setores.

Por consequência, aspectos relacionados à sustentabilidade passaram a ser reconhecidos como fundamentais até mesmo do ponto de vista financeiro, sendo pesados nas avaliações de risco e nas escolhas de investimentos do mercado, impondo mudanças drásticas ao setor empresarial.

Neste artigo você poderá entender o que é ESG, seus pilares e quais as práticas mais comuns para implementá-la nas empresas. Vamos lá?

Quais são os 3 pilares do ESG?

O termo ESG foi usado pela primeira vez em 2004, numa publicação do Pacto Global intitulada Who cares wins, e é pautado por critérios relacionados aos chamados Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), que são estabelecidos pelo Pacto Global. Este último, uma iniciativa lançada no ano 2000 por Kofi Annan, ex-secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), com o propósito de alinhar estratégias de empresas de todo o mundo em torno de princípios universais de áreas como Direitos Humanos e Meio Ambiente, a fim de incentivar o enfrentamento de dilemas da sociedade.

Três pilares principais estão reunidos sob a sigla ESG:

Ambiental (Environmental);
Social (Social);
Governança corporativa (Governance).

Baseando-se neles, é possível analisar se determinada organização é saudável, social e ambientalmente consciente. Assim, se uma companhia recebe uma boa avaliação nos 3 requisitos, pode-se constatar que ela está reconhecida no critério ESG e apresenta uma maior confiabilidade para a sociedade e para seus investidores, sinalizando, ainda, seu cuidado com pautas relacionadas à sustentabilidade.

Por isso, é fundamental saber como tais critérios são abordados. Acompanhe!

Critérios ambientais

Os aspectos ambientais estão associados à letra E (do inglês Environmental) da sigla ESG. Como o próprio nome diz, ele avalia a performance da empresa em procurar garantir meios de preservar o meio ambiente e tornar mais sustentáveis suas operações. Portanto, os aspectos ambientais do ESG qualificam a relação entre as empresas e a conservação de recursos naturais.

Entre os critérios abordados, pode ser destacado, por exemplo, o posicionamento da empresa no que se refere à produção de resíduos sólidos em suas atividades. Esse eixo temático do ESG lança luz, ainda, sobre questões que envolvem a reciclagem de materiais e a emissão de gases de efeito estufa (GEE) e iniciativas de carbono zero.

Critérios sociais

O segundo critério, da letra S (do inglês Social), aborda aspectos sociais. Essencialmente, essa área avalia a forma como a empresa administra e promove a sua relação com os seus stakeholders, sendo eles colaboradores, fornecedores, comunidade, clientes e todo o corpo social em que se está inserido.

No relacionamento com os funcionários, por exemplo, é analisada a forma como a empresa se posiciona em assegurar a segurança e o bem-estar no trabalho, as diversidades e cargos que ocupam, treinamentos e qualificação, entre outras questões.

Já com os clientes, esses critérios abordam a oferta de produtos e serviços que não apresentam riscos e à sua qualidade.

No relacionamento com a comunidade é valorizado o desenvolvimento de programas e ações que buscam apoiar pessoas e instituições que se envolvem com as atividades da organização, ou não. Por exemplo, a participação em eventos beneficentes ou a doação para grupos desfavorecidos.

Critérios de governança corporativa

Essencialmente, como o próprio nome já diz, a governança analisa a forma como a organização se posiciona em relação à aplicação de boas práticas de governança corporativa.

Ou seja, esse eixo temático do ESG indica se a organização estabelece códigos de ética e de conduta e se assegura a isonomia, a prestação de contas e a transparência, bem como o cumprimento desses códigos.

Ter uma governança transparente e ética é o que marca todas as exigências necessárias para que uma organização seja listada no Novo Mercado da Bolsa de Valores, por exemplo.

Qual é o objetivo das iniciativas de ESG?

O principal propósito do conceito ESG é que as companhias assumam critérios para conquistar uma operação mais consciente para seus negócios, preservando recursos ambientais e adotando boas práticas de sustentabilidade e governança.

Portanto, ao compreender o que é o ESG é possível perceber como ações ligadas aos temas são complexas e colaboram para os resultados corporativos em variados níveis. As atividades corporativas direcionadas ao conceito de ESG geram diversos benefícios para a organização, investidores e demais interessados. Os benefícios são expressivos, principalmente quando a organização se envolve com boas metodologias e práticas de gestão.

Conheça a seguir as vantagens geradas pela adoção do ESG nas empresas.

Lucratividade

Uma das questões que traz bons resultados é o ganho de produtividade. Isso porque as áreas passam a trabalhar de maneira mais estratégica e direcionada, com processos de trabalho mais desenvolvidos. Além disso, os colaboradores passam a se engajar mais, reduzindo as taxas de turnover (rotatividade de profissionais) e gerando mais economia.

Esses fatores aumentam a lucratividade. Sobretudo, esse é um indicador de desempenho operacional que apresenta o quanto a organização gera sobre as demandas realizadas. Ou seja, é capaz de agregar valor e minimizar custos para otimizar os resultados do negócio.

Reputação da marca

Isso é importantíssimo para uma empresa, sob a perspectiva do seu brand equity – termo relacionado ao valor adicional que uma marca reconhecida pode agregar a um produto. E colabora, ainda, para um digital branding – termo que designa a aplicação de práticas de posicionamento de marca no ambiente virtual – mais conectado às demandas da atualidade, podendo fortalecer o posicionamento de um negócio quanto às pautas de sustentabilidade e, assim, despertar o interesse de seu público-alvo, entre clientes, fornecedores, investidores, colaboradores, etc.

Redução de riscos

Há uma demanda crescente por atitudes mais sustentáveis e maior responsabilidade social entre as empresas da atualidade. Compreender o que é o ESG e introduzi-lo em sua companhia contribui para adequá-la a questões legais e regulatórias, mitigando o risco de penalização por danos ao meio ambiente, por exemplo. Consequentemente, isso atribui mais valor para o negócio, já que ele se distancia de possíveis desgastes de sua reputação.

Quais são as práticas de ESG mais comuns?

A utilização de energia renovável, a gestão de resíduos, o gerenciamento da poluição e a redução na emissão de CO2, bem como a gestão de recursos hídricos, estão entre as principais práticas em relação à preservação ambiental.

No eixo da governança, setores de liderança são envolvidos no desenvolvimento de estratégias e definições corporativas, entre remuneração executiva, processos de sucessão, controle de riscos e compliance. Na Wilson Sons, por exemplo, o conselho da empresa busca seguir recomendações da TCFD (do inglês Task Force on Climate-Related Financial Disclosures), dedicada a promover transparência corporativa e apoiar a avaliação e precificação de riscos e oportunidades relacionadas às mudanças climáticas. Atualmente, o conselho da Wilson Sons é responsável por garantir uma governança corporativa robusta, enquanto um comitê de auditoria e riscos auxilia o conselho no monitoramento da eficácia desses controles internos e políticas de gestão de riscos.

No eixo temático Social, as organizações controlam as relações que possuem com os diferentes públicos que fazem parte da atividade da empresa, como fornecedores, clientes, colaboradores e comunidades, bem como ações que envolvem políticas sobre diversidade, direitos humanos e defesa do consumidor.

Vale ainda lembrar que essas boas práticas podem estar associadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODSs), elaborados pela ONU, que explicamos no início deste conteúdo. Eles são divididos entre 17 macrotemas que configuram os desafios e vulnerabilidades a serem superados até 2030. Veja:

ODS 1 – Erradicação da pobreza: acabar com a pobreza de todas as formas e lugares;
ODS 2 – Fome zero e agricultura sustentável: acabar com a fome promovendo a agricultura sustentável;
ODS 3 – Saúde e bem-estar: garantir uma vida saudável e bem-estar para todos;
ODS 4 – Educação de qualidade: garantir uma educação inclusiva, equitativa e de qualidade para todos;
ODS 5 – Igualdade de gênero: alcançar a igualdade de gênero;
ODS 6 – Água potável e saneamento: garantir disponibilidade e manejo sustentável da água e saneamento para todos;
ODS 7 – Energia limpa e acessível: garantir acesso à energia barata e renovável para todos;
ODS 8 – Trabalho decente e crescimento econômico: promover o crescimento econômico gerando trabalho decente para todos;
ODS 9 – Indústria, inovação e infraestrutura: construir infraestrutura resiliente, promover a industrialização inclusiva e sustentável, e fomentar a inovação;
ODS 10 – Redução das desigualdades: minimizar as desigualdades dentro dos países e entre eles;
ODS 11 – Cidades e comunidades sustentáveis: tornar as cidades e os assentamentos inclusivos, seguros e sustentáveis;
ODS 12 – Consumo e produção responsáveis: garantir que a produção e o consumo sejam sustentáveis;
ODS 13 – Ação contra a mudança global do clima: combater a mudança climática e seus impactos;
ODS 14 – Vida na água: conservação e uso sustentável dos oceanos, dos mares e dos recursos marinhos;
ODS 15 – Vida terrestre: proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres;
ODS 16 – Paz, justiça e instituições eficazes: promover sociedades pacíficas;
ODS 17 – Parcerias e meios de implementação: fortalecer a parceria global para o desenvolvimento sustentável.

O que é ESG no Brasil?

No Brasil, o tema ESG vem ganhando relevância entre organizações e investidores, como mostra um levantamento conduzido pela Morningstar e pela Capital Reset, que indica que fundos ESG captaram R$ 2,5 bilhões no país em 2020.

De acordo com o estudo “A Evolução do ESG no Brasil”, desenvolvido pela Rede Brasil do Pacto Global da ONU em parceria com a plataforma Stilingue, o uso da terminologia ESG nas redes sociais cresceu exponencialmente entre os brasileiros. Em 2020, foram realizadas 22 mil publicações sobre o assunto, seis vezes mais que em 2019.

Em um cenário global em que cada vez mais legislações restritivas entram em ação, administradores de empresas e de investimentos devem se adaptar e se alinhar aos critérios ESG à medida que o desenvolvimento sustentável se torna uma realidade.

Quais são as adequações necessárias?

As adequações para incorporar o ESG são complexas, mas elas não exigem que a empresa pare a sua produção. Como exemplos, podemos citar ações como diminuir ou zerar emissões de carbono, aperfeiçoar o gerenciamento de resíduos ou buscar alternativas para estabelecer a economia circular.

De acordo com alguns estudos, a expectativa é de que até 2025 os projetos que favorecem os conceitos de ESG alcancem mais de um terço do mercado internacional. Com isso, os panoramas de crescimento para as organizações envolvidas são bastante altos.

Por meio dos investimentos ESG, as empresas portuárias têm a oportunidade de obter bons investimentos a serem aplicados para o crescimento de suas atividades. Além disso, também podem ser úteis no financiamento de projetos sustentáveis e que vão influenciar de forma positiva a sociedade e o meio ambiente.

Aqui você pôde conferir que os investimentos ESG traduzem uma maneira de arrecadar recursos e aplicá-los na solução de questões que estão relacionadas à diversidade, inclusão, governança e ética empresarial, qualidade de vida e às mudanças climáticas.

E então, conseguiu entender sobre o que é ESG e qual a sua relevância na atualidade? Que tal descobrir um pouco sobre logística sustentável? Continue por aqui e confira o nosso artigo especial sobre o assunto.