Exportação de soja: entenda como funciona e cenário
- 20/03/2024
- 10 minutos
Confira qualquer veículo jornalístico das últimas décadas e busque notícias relacionadas às vendas de produtos brasileiros: você provavelmente encontrará a exportação de soja como um dos produtos mais relevantes para a balança comercial do Brasil.
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Com tantas vendas, surge a dúvida: como é realizado esse transporte? Quais são os volumes movimentados e produzidos pelos produtores brasileiros? Há uma demanda interna, ou todo o montante vai para fora do Brasil?
Continue a leitura, pois hoje mostraremos um panorama geral do mercado de soja brasileiro, um dos mais pujantes do mundo. Surpreenda-se!
Como funciona o processo de exportação de soja?
Antes de falar do processo de transporte em si, é importante fornecer um contexto em relação à produção dessa oleaginosa no país. Isso é importante para entender as exigências relacionadas à logística.
A soja é uma das principais commodities do país, tem uma produção intensa no Centro-Oeste brasileiro, mas há lavouras com essa cultura pelo Brasil inteiro. Atualmente, somos os maiores produtores e exportadores desse produto do mundo: segundo a Embrapa, ocupamos 50% do comércio mundial.
O produto é a matéria-prima para a produção de diversos alimentos, além de ser utilizado no desenvolvimento de biodiesel. Já o farelo é utilizado para alimentar animais em todo o mundo.
Quanto ao transporte, a soja é movimentada via caminhões e trens direto aos portos brasileiros. Isso porque o transporte marítimo é a melhor alternativa, tanto em termos de custo como em logística portuária para atender aos diversos compradores.
Quando é oriunda do Brasil, a maior parte da soja é movimentada pela costa do Golfo do Mississipi, trajeto que facilita a entrega aos diferentes compradores do produto brasileiro. Isso também vale para outro grão bastante comercializado por aqui, o milho. Portos como o de Santarém, no Pará, se destacam nesse tipo de transporte.
Já em relação aos compradores, o principal destino da soja brasileira é a China. Contudo, outros países que se destacam são a Holanda, a Espanha e a Tailândia, por exemplo. Até mesmo os Estados Unidos, que compete com o Brasil na produção, também compra o produto fabricado por aqui.
Inclusive, o produto chega aos EUA via navio, o que evidencia a importância dos portos para esse comércio, que gera muitas receitas para a balança comercial brasileira.
Como foi o cenário da exportação de soja no Brasil em 2023?
Ainda que o ritmo da comercialização da safra de soja tenha sofrido uma ligeira queda nos últimos 5 anos, abaixo da média histórica, o Brasil emplacou novos recordes de exportação. Foram cerca de 72,46 milhões de toneladas embarcadas, principalmente para o nosso principal comprador, a China.
De acordo com o estudo da Companhia de Abastecimento (Conab), foram colhidos 154 milhões de toneladas na safra 2022/23. Vale lembrar que o próprio mercado interno brasileiro também compra muita soja, então, a alta produção está sendo bem escoada.
Ainda segundo os dados do Conab, apenas em julho de 2023, as exportações de soja foram de 9,7 milhões de toneladas. Outro detalhe é que os prêmios de porto foram positivos no mês de julho, o que foi decisivo para o escoamento do grão.
Prêmios de porto
O prêmio é um indicador essencial para determinar o valor de um produto destinado à exportação. Também conhecido como Basis, ele é definido pelo “apetite” dos compradores em relação ao nível de aquecimento da demanda. Nesse período específico, o prêmio era positivo, o que gera maior renda para quem vende.
Como se não bastasse, os preços internacionais dessa oleaginosa se valorizaram com a alta das cotações praticadas no mercado interno. Em julho de 2023, os preços estão mais baratos para produtores brasileiros, o que estimula o consumo.
Qual a previsão da exportação de soja para 2024?
De acordo com uma matéria da revista Exame, a safra global deve ser de 400 milhões de toneladas de grãos em 2024, e o Brasil deve exportar aproximadamente 100 milhões de todo esse montante.
Assim como ocorreu na safra 2022/23, o Brasil provavelmente manterá o recorde de produtividade para o novo período. Outros fatores globais que influenciarão nossas vendas são a recuperação da safra Argentina, a queda na produtividade dos produtores dos EUA e uma leve baixa na demanda chinesa.
Ainda assim, conforme informações dos especialistas citados na matéria, nosso comércio com os chineses não deve cair de patamar. Já em termos de produção do grão, a Conab estima um montante de aproximadamente 160 milhões de toneladas.
Um detalhe interessante é que o momento atual serve para reabastecer os estoques locais de soja. O Brasil deve encerrar 2023 com um estoque de 3 milhões de toneladas — e, para o ano que vem, a projeção é de que esse montante chegue aos 8 milhões.
Tudo depende do clima, principalmente com as mudanças trazidas pelo fenômeno El Niño, que causou um calor recorde no Brasil. Temperaturas muito altas, constantemente acima dos 30 graus, não são as melhores para o cultivo do grão.
No entanto, o momento em que a soja mais precisa de água é no período de preenchimento de grãos, entre os meses de dezembro e fevereiro. As chuvas são cruciais — e é por isso que a região Sul do país, que não sofreu tanto com a seca, tende a retomar a sua boa produção.
Por enquanto, de acordo com os especialistas da reportagem da Exame, a estimativa é de mais um recorde de safra. Como vimos neste artigo, a exportação de soja brasileira segue como uma das atividades mais lucrativas do país. Além disso, ela envolve toda uma cadeia, que vai dos produtores até a chegada aos compradores — com um trabalho indispensável sendo realizado pelos profissionais portuários.
Para se informar ainda mais sobre a venda de produtos brasileiros no exterior, não deixe de conferir nosso post sobre como funciona a exportação marítima.