O futuro da logística segundo estudos da DHL
- 06/02/2019
- 10 minutos
Em 2018, a multinacional DHL lançou a quarta edição do relatório Logistics Trend Radar, no qual levanta as principais tendências da logística para os próximos anos. O documento lembra que a logística tem séculos de história, e que uma das últimas grandes inovações na área a aparecer em manchetes foram os navios de contêiner, na década de 50.
Mas novas e profundas mudanças estão alcançando o setor. Segundo o levantamento, a digitalização e a indústria 4.0 chegaram à logística e vieram para ficar, trazendo novos desafios e oportunidades.
Conversamos com Thais Perrella, chefe de operações de frete marítimo na América da DHL, para entender melhor qual é o futuro da logística e como ela acredita que deve ser a postura das empresas desde já para se destacar nesse cenário. Confira!
Quais são os desafios e oportunidades do futuro da logística
“O futuro pertence àqueles que estão abertos a novas tendências e que veem à frente do seu tempo. Já estamos vivendo a transformação digital, é um caminho sem volta”, afirma Thais Perrella. A profissional percebe uma série de desafios e oportunidades nas transformações da logística, que estão se apresentando agora e devem se intensificar nos próximos anos.
Principais oportunidades
Para Thais, a evolução da logística tem a chance de aumentar e melhorar a transparência de toda a cadeia do setor — a crescente reunião e análise de dados em todos os processos da área é algo que pode ajudar nesse sentido. Isso também favorece a visibilidade do inventário, reduzindo custos e acelerando a tomada de decisão.
Ela não acredita em previsões pessimistas sobre o futuro do emprego. Na verdade, ela aposta em melhorias para os profissionais: “Vai haver mais satisfação no emprego com a diminuição de tarefas repetitivas e manuais e aumento das tarefas desafiadoras e analíticas, além de mercado de trabalho para novas gerações”, diz.
De fato, a DHL tem proposto inovações como implementar veículos autônomos em armazéns logísticos para auxiliar os funcionários a coletar e transportar produtos. Na perspectiva de Thais, as novidades vão revolucionar inclusive o que o setor oferece. “Haverá criação de novos serviços, gerando renda adicional às empresas logísticas”. Ela destaca que demandas de mercado como venda “omnichannel” devem ganhar ainda mais força.
Além disso, ela aposta em centros de armazenagem cada vez mais próximos dos consumidores, o que favorece entregas no mesmo dia do pedido ou até em uma hora, por exemplo. Thais destaca ainda que a experiência do cliente tende a ser aprimorada: “Vamos melhorar a qualidade do serviço e ter foco no cliente a partir de serviços customizados, sofisticados e com processos simplificados”. Por fim, ela lembra que o aprimoramento das atividades na logística possibilita reduzir custos com papel, embalagens e combustível.
Principais desafios
Um desafio que perpassa todas as transformações no setor é a dificuldade de adaptação das empresas e dos funcionários para as mudanças constantes. “É um desafio que assombra as empresas e as pessoas. As empresas por não terem gente preparada para gerenciar as mudanças internas e as pessoas por não buscarem conhecimento ou estarem abertas às novas tendências”, elabora Thais.
Thais também percebe falta geral de planejamento das empresas, tanto para curto quanto para longo prazo, e cita o alto custo do investimento tecnológico como outro obstáculo. Na visão dela, a complexidade das leis e processos regulatórios relacionados à cadeia logística é mais um desafio para o desenvolvimento do setor.
“Outro ponto é a aceitação e aumento da credibilidade das transações online em marketplaces, no que diz respeito a cotação, pagamentos, envio e repositório de documentos”, ressalta a profissional. Ela reitera que garantir segurança da informação também é um desafio.
O que vai definir esse futuro
Segundo o levantamento da DHL, o futuro da logística será definido por alguns elementos fundamentais: experiência do cliente, tecnologia, pessoas e responsabilidade ambiental. Thais acrescenta um quinto, a ética:
“Vivemos em um cenário de constante mudanças, com aumento da complexidade das regulamentações nacionais e internacionais. A indústria logística tem que acompanhar essa dinâmica, mantendo uma conduta ética dos colaboradores, representantes e fornecedores participantes de toda a cadeia”.
Ela exemplifica que a abordagem ética pode envolver, por exemplo, programas de compliance com foco em riscos regulatórios e operacionais, desenvolvimento de políticas e procedimentos e programas de certificações internacionais, sintonizados com as áreas de auditoria, gestão de riscos e segurança.
Abaixo, ela comenta os demais pontos levantados pelo relatório. Veja:
Experiência do cliente
O relatório da DHL destaca um futuro “customer centric” para a logística, ou seja, com uma perspectiva de negócios que coloca o cliente em primeiro lugar. Thais concorda: “Esse elemento é importantíssimo. Os clientes querem soluções eficientes, com melhor qualidade, padrão sustentável e visibilidade em tempo real em toda a cadeia logística”.
Ela lembra que o mercado online tem crescido, inclusive, para negócios B2B — o que não diminui a importância do relacionamento pessoal. “Não podemos nos esquecer de que ainda fazemos negócios entre pessoas, e é crucial fazer pesquisa de satisfação. É preciso avaliar se estamos atingindo as expectativas dos nossos clientes e, principalmente, entender suas necessidades para desenhar e adaptar melhor as estratégias de curto e longo prazo”, diz.
Tecnologia
Para Thais e a DHL, existe um futuro mais digital à frente. A profissional acredita que a tecnologia simplifica processos complexos, melhora a comunicação interna e externa, a produtividade e a visibilidade em tempo real para o cliente. “Com melhor transparência e visibilidade, os clientes podem tomar decisões rápidas e acompanhar o mercado”, acredita.
Ela elenca uma série de tendências que devem transformar ainda mais a logística nos próximos anos:
- inteligência artificial;
- RPA (Robot Process Automation, soluções de automação de sistemas de software);
- robôs para armazéns;
- redes sem fio (segundo relatório da DHL, podemos esperar redes 5G, Bluetooth 5.0 e outras);
- drones;
- smart sensors (sensores capazes de reunir grandes volumes de dados).
Pessoas
“Trabalhadores felizes são sinônimo de clientes felizes”, resume Thais. O relatório da DHL aponta um futuro de cooperação entre pessoas e máquinas na logística.
Thais acredita que a automatização trazida pelas inovações tecnológicas vai chegar a toda a cadeia, retirando tarefas repetitivas e fisicamente exigentes das mãos das pessoas e permitindo que elas foquem em atividades que requerem gestão e análise.
“A força de trabalho da indústria logística começa a ter sinais de mudança, permitindo que conceitos da era digital façam parte do dia a dia, atraindo e retendo as novas gerações.O desafio é nos manter abertos e atualizados para acompanharmos a transformação dos próximos anos”, conclui.
Responsabilidade ambiental
A DHL espera zerar as emissões de CO₂ até 2050, e não é a única empresa do mercado a considerar a sustentabilidade um objetivo de primeira ordem.
“Com a inovação tecnológica, a indústria logística oferece medições de CO₂, eletrificação em suas frotas e equipamentos, embalagens ‘verdes’ com materiais reciclados ou reaproveitados e, ainda, diminuição do consumo de papel com a digitalização e repositório de documentos na nuvem”, complementa Thais. Uma das ações da companhia, no sentido de reduzir sua pegada de CO₂, é a produção do carro elétrico para entregas StreetScooter.
E para você, qual é o futuro da logística? Deixe um comentário no post e vamos discutir quais são os próximos passos dessa indústria! E, se quiser se aprofundar em mais textos sobre tendências do futuro, não deixe de conferir nosso post sobre as perspectivas para o futuro do mercado de óleo e gás no Brasil!