Procedimentos de segurança necessários nas operações de GNL

  • 23/08/2022
  • 11 minutos

Quando se fala no comércio internacional de O&G, muito do foco da conversa vai para as plataformas e navios de petróleo. No entanto, o uso de navios gaseiros como no transporte de GNL é uma das rotinas nesse setor que vem se desenvolvendo muito nos últimos anos.

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Tanto que o assunto merece um artigo especial, no qual vamos nos aprofundar nesse tipo de operação. Para isso, convocamos um time de especialistas: Nathália de Faria Almeida, supervisora de operações Aracaju; Wagner Moura, oficial da Marinha Mercante e coordenador de operações portuárias da CELSE e Lucas Buranelli, gerente de operações de terminal GNL.

Ficou interessado? Então continue a leitura para saber mais sobre como é feito esse transporte e seus procedimentos de segurança. Boa leitura!

Como é feito o transporte de GNL?

Para começar essa discussão, é interessante definir o que é o GNL e como ele funciona dentro de um contexto de afretamento marítimo (maritime chartering). A sigla significa Gás Natural Liquefeito, uma tecnologia que existe há mais de 40 anos no mercado, embora tenha se popularizado mais recentemente.

A ideia dessa tecnologia é reduzir a temperatura do gás natural, armazenando-o a uma temperatura de -160ºC, até que ele se estabilize em seu estado líquido. “O gás natural liquefeito é 600 vezes mais compacto que o gás natural em seu estado gasoso, tornando o transporte muito mais eficaz. Assim, pode-se transportar volumes de massa e consequentemente energia muito maiores em navios de carga apropriados, os LNGCs, (Liquefied Natural Gas Carrier), também conhecidos no Brasil como Metaneiros”, explica Lucas.

Além da eficiência no transporte, o GNL também é apontado por Wagner como um modelo mais seguro de transporte: “o GNL tem sido carregado e transportado em navios de maneira segura há mais de quatro décadas. O gás não é carregado de forma pressurizada, logo, em casos de falha no sistema de contenção de carga, o GNL retornaria ao estado gasoso e se dissiparia”.

É um modelo já seguro e eficiente para transportar o gás natural, tornando o seu comércio mais relevante e atraente para players no mundo inteiro — com uma operação já consolidada em terminais brasileiros.

Quais são os procedimentos de segurança necessários?

Qualquer operação portuária já é, por natureza, dependente de rigorosos termos de segurança — e isso não é diferente no manuseio, na transferência e no transporte do GNL.

Como explicado por Lucas, a estabilidade e a temperatura do gás liquefeito garante algumas características de segurança, como a menor propensão a incêndios e explosões. Mas -160ºC é um valor considerável que traz outros riscos. “O GNL nessa temperatura é bastante danoso à pele, ao aço e ao plástico, por exemplo, que logo se congelariam ao entrar em contato direto com o líquido criogênico e não resistiriam”.

Como ele nos conta, foi necessário regulamentar a utilização de materiais apropriados, como o aço inox utilizado nos tanques dos LNGCs — material capaz de manter sua integridade nessas condições. Essas determinações, dentre outras, fazem parte do IGC, International Gas Code.

Nathália, que assim como Wagner participa de operações do tipo em Sergipe, no Terminal de GNL da CELSE, explica que “o GNL chega até a FSRU GOLAR NANOOK através de navios metaneiros e é transferido para a FSRU (Floating Storage Regasification Unit) por meio de uma operação chamada ship-to-ship“. Segundo a especialista, os tipos de navios utilizados têm tanques especiais, podendo ser esféricos, tanques de membrana dupla ou tanques prismáticos.

O maior esforço de segurança está na construção das embarcações e no monitoramento de condições durante o transporte. “Todo o navio é equipado com sistemas que monitoram a existência de fogo, vazamento de gás e monitoramento de temperatura, por razões de segurança”, afirma Nathália.

Por que os treinamentos são importantes?

É claro que a adequação às normas de segurança e determinações legais só são alcançadas em operações de alta complexidade quando há o planejamento e o treinamento adequados. É nisso que investem as empresas de agenciamento marítimo, de rebocagem portuária, os portos e os donos de navios gaseiros.

A Supervisora de Operações de Rebocadores detalha como isso é feito em Aracaju: “a Wilson Sons atua em conjunto com a CELSE na execução de simulados de emergência. Essa iniciativa tem como principal objetivo alinhar a comunicação e as ações entre as partes envolvidas e garantir que, em uma real situação de emergência, todos sigam de acordo com o procedimento determinado e seus respectivos Planos Operacionais de Resposta”.

O resultado de tanta preocupação lógica, estrutural e operacional no transporte de gás liquefeito é evidente. “Não existe, em todo esse tempo, registro de acidente envolvendo o GNL embarcado e suas operações que tenham resultado na perda de vida humana”, destaca Wagner.

A nossa unidade de Rebocadores, além de possuir os equipamentos e a frota de rebocadores — em termos de projeto e tração estática (bollard pull) — em conformidade com a configuração exigida pelas autoridades anuentes, cliente e especialistas, faz uso de simulador próprio instalado em seu Centro de Aperfeiçoamento (CAMWS), no Guarujá. Lá, a empresa testa as condicionantes das manobras e, principalmente, prepara suas tripulações para as operações ship-to-ship. Trata-se de um diferencial que aumenta de forma considerável a segurança operacional relacionada ao escopo de atuação dos rebocadores nas manobras.

Como os três especialistas concordam, é um trabalho que começa no estudo de leis e normas, passa por um bom projeto de construção e operação de navios e segue sendo constantemente revisado e ajustado.

De que maneira a Wilson Sons pode ajudar?

Para um setor que depende tanto de eficiência e rigidez na execução de etapas operacionais, é essencial que as pessoas e empresas envolvidas estejam alinhadas e focadas em garantir o sucesso no transporte. É por isso que uma agência marítima (shipping agency) é fundamental para encontrar os players certos.

E, se estamos tratando de um produto para o qual o foco em segurança faz toda a diferença na operação, não podemos deixar de falar da Wilson Sons. Afinal, essa preocupação é um dos grandes diferenciais da empresa.

“É um esforço diário da nossa parte”, realça Nathália. “A frequência da execução de exercícios e simulados de emergência auxilia no desenvolvimento de uma cultura de segurança”, complementa.

Ela conclui que esse cuidado oferece a oportunidade de manter todos os profissionais preparados durante um eventual incidente ou acidente. Dessa forma, consegue-se diminuir o tempo de resposta, uma vez que há o aumento da capacidade de ação da equipe.

Como você pôde ver, dentro de uma rotina como a de transporte de GNL, as normas e procedimentos adotados contribuem não só na proteção de vidas e de mercadoria em portos e navios, mas também na busca incessante por métodos cada vez mais eficientes e lucrativos de desenvolver a economia e a infraestrutura do país.

E então, gostou do nosso conteúdo? Conseguiu esclarecer suas dúvidas sobre o tema? Se você quer conhecer mais sobre o comércio internacional e o agenciamento em transporte marítimo, aproveite para ler outros textos do nosso blog!