Métricas de eficiência portuária: como avaliar o desempenho dos portos?

  • 27/02/2025
  • 12 minutos

A eficiência das operações portuárias impacta diretamente a competitividade dos países no comércio internacional, influenciando o tempo de trânsito de mercadorias, o custo total da cadeia de suprimentos e a previsibilidade das operações das compras de produtos por toda a sociedade. 

Segundo a Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD), países que possuem portos eficientes conseguem reduzir em até 15% seus custos logísticos totais, aumentando a competitividade de seus produtos no mercado internacional. 

Os fatores que mais influenciam essa eficiência incluem:

  • Infraestrutura moderna e capacidade operacional
  • Digitalização e automação das operações
  • Integração com diferentes modais logísticos
  • Gestão eficiente de estoques e terminais
  • Compliance ambiental e regulatório
  • Segurança operacional e cibersegurança

A análise dessas variáveis é fundamental para entender como os portos podem se tornar mais produtivos e estratégicos para as economias globais. 

Neste artigo, você irá conhecer as principais métricas e indicadores de eficiência portuária, boas práticas de mercado e exemplos de aplicação no mercado nacional e internacional. Boa leitura! 

1. Tempo de espera e tempo de permanência dos navios

O tempo médio de espera refere-se ao período que um navio aguarda para atracar, enquanto o tempo de permanência (turnaround time) considera o período total que o navio passa no porto, incluindo carga, descarga e outros serviços.

  • Benchmark global: Em portos altamente eficientes, como Singapura e Roterdã, o tempo de permanência médio é inferior a 24 horas.
  • Desafios regionais: Em portos com infraestrutura limitada, esse tempo pode ultrapassar 3 dias, aumentando os custos operacionais para os armadores.

2. Taxa de utilização da infraestrutura

Esse indicador mede a relação entre a capacidade total dos terminais e a movimentação efetiva de cargas. Portos congestionados operam acima de 85% de sua capacidade, o que pode gerar gargalos logísticos e reduzir a eficiência.

3. Produtividade dos equipamentos

A produtividade dos guindastes e dos veículos internos é um fator crítico. A taxa de movimentação de containers por hora (MPH – Moves Per Hour) é um indicador-chave:

  • Portos de alta eficiência: Realizam 35 a 40 movimentos por hora.
  • Portos menos eficientes: Operam com menos de 20 movimentos por hora, impactando diretamente o tempo total das operações.

4. Índice de conectividade marítima

A conectividade de um porto está relacionada ao número de serviços marítimos regulares e à frequência das escalas de grandes embarcações. O Liner Shipping Connectivity Index (LSCI), publicado pela UNCTAD, é uma referência mundial para avaliar essa métrica.

Portos asiáticos dominam o ranking global, com Hong Kong, Xangai e Singapura liderando os índices de conectividade.

Boas práticas para maximizar a eficiência portuária com exemplos pelo mundo

Os portos mais eficientes do mundo adotam estratégias inovadoras para otimizar suas operações. Algumas das principais práticas incluem:

1. Automação e digitalização

A automação tem reduzido significativamente o tempo de processamento e os custos operacionais nos terminais.

  • Porto de Los Angeles: Implementou um sistema de rastreabilidade digital, reduzindo em 40% o tempo de movimentação de cargas.
  • Porto de Roterdã: Adotou guindastes autônomos, aumentando a produtividade significativamente.

2. Integração com modais interiores

A eficiência portuária não depende apenas das operações dentro do terminal, mas da conectividade com rodovias, ferrovias e hidrovias. A este tipo de operação logística damos o nome de intermodal.

  • Porto de Antuérpia: Mais de 50% das cargas utilizam modais ferroviário e hidroviário, reduzindo a dependência do modal rodoviário.

3. Gestão inteligente de estoques

A adoção de big data e inteligência artificial permite prever padrões de demanda e otimizar a armazenagem de cargas.

  • Porto de Singapura: Utiliza algoritmos preditivos para otimizar pátios e estoques, reduzindo congestionamentos.

4. Sustentabilidade e eficiência energética

Portos que investem em eletrificação de cais e combustíveis sustentáveis reduzem custos e melhoram sua reputação.

  • Porto de Hamburgo: Implementou eletrificação de cais, reduzindo em 30% as emissões de CO₂.

Exemplos brasileiros de eficiência portuária

No Brasil, dois terminais se destacam no quesito eficiência portuária por adotarem práticas de inovação, sustentabilidade e governança em seus planos de operação. Conheça abaixo quais são:

Região Nordeste

O Tecon Salvador, localizado na Bahia, é um dos principais terminais de containers do Nordeste. , É o primeiro porto do Nordeste a receber navios da categoria 366 e elevado padrão de segurança e eficiência 

  • Destaques:
    • Equipamentos de última geração, incluindo guindastes STS (Ship-to-Shore).
    • Operações automatizadas, aumentando a produtividade.
    • Redução significativa dos tempos de espera, melhorando a eficiência logística na região.

Região Sul

O Tecon Rio Grande, localizado no Rio Grande do Sul, desempenha um papel estratégico como hub port da Bacia do Prata, agregando escalas da Argentina e Uruguai, além de ser um exportador de produtos nacionais.

  • Destaques:
    • Integração eficiente com hidrovias, pela Lagoa dos Patos, facilitando a distribuição de cargas com menos pegada de carbono.
    • Infraestrutura preparada para atender grandes navios, garantindo competitividade global.
    • Alto nível de digitalização, otimizando a gestão de estoques e cargas.

Esses terminais demonstram como a modernização e a automação são fundamentais para elevar a eficiência portuária no Brasil.

Gestão fortalecida garante eficiência

A eficiência portuária é um dos principais pilares da competitividade no comércio exterior. Investir em digitalização, automação, sustentabilidade e integração multimodal é essencial para garantir operações mais seguras, previsíveis e rentáveis.

Portos que adotam essas práticas não apenas reduzem custos, mas também atraem investimentos e fortalecem suas cadeias logísticas. O Tecon Salvador e o Tecon Rio Grande são exemplos de como a modernização portuária pode melhorar a competitividade do Brasil no cenário internacional.

Com as tendências emergentes de sustentabilidade e inovação tecnológica, os portos que priorizarem eficiência operacional e sustentabilidade estarão na vanguarda do comércio global nos próximos anos.