O que significa Part Cargo? Entenda!

  • 18/01/2022
  • 10 minutos

Dada a grande capacidade das embarcações de transportar carga, muitos empresários têm receio de exportar imaginando que os preços serão proibitivos ou que o seu volume de produção não é suficiente para conseguir um bom frete (freight).

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O Part Cargo é uma prova de que isso está longe de ser verdade. Com a ajuda de agentes especializados e negociando as melhores condições, é possível contratar seu espaço em um navio e ainda dividir custos com outros clientes.

Quer entender mais sobre como esse procedimento funciona? Adriano Cunha, Coordinator Wilson Sons, e Roberto Brandão, sócio-diretor da TAP Consultoria e Treinamento em Logística, são nossos convidados neste artigo para explicar como funciona o carregamento compartilhado. Continue com a leitura e confira!

O que é Part Cargo?

Todo navio de transporte tem determinações sobre quantidade e tipos de carga que podem ser transportadas. A ideia desses limites é sempre criar o equilíbrio ótimo entre a segurança da embarcação e o maior ganho econômico para as partes envolvidas no afretamento marítimo (maritime chartering).

Portanto, o ideal financeiramente para o comércio internacional é que todo translado seja feito sempre o mais próximo possível desse valor. Porém, esses porões são estruturas tão amplas que apenas grandes empresas, com grandes produções, são capazes de fechar um navio inteiro em um contrato.

Mas isso não significa que exportadores menores não possam usar o transporte marítimo para conquistar outros mercados. Para esse tipo de situação, existe o modelo chamado de Part Cargo.

Como o próprio nome sugere, é a contratação de espaço para carga parcial do porão, quando o volume do produto não é suficiente para ocupação máxima — chamada de Full Cargo. Com isso, “o armador (carrier) ou o próprio afretador (charterer) disponibiliza esse espaço remanescente para outro player, gerando diferentes contratos”, comenta Adriano. É uma forma de conseguir seu lugar em um navio da maneira mais otimizada possível, sem que haja perdas para as partes.

A diferença entre Part Cargo e Co-Loading

O Co-Loading é um termo similar ao Part Cargo e pode causar confusão na hora de pesquisar sobre a melhor opção de contrato para a sua carga. Por isso, pedimos para que Roberto explicasse com mais clareza a diferença entre os dois.

Segundo ele, a diferença está mais no mercado em que os conceitos são utilizados. Co-Loading tem um significado parecido, mas é mais comum para o mercado de transporte de contêineres. Por outro lado, “Part Cargo é um termo específico de chartering, que envolve cargas break bulk (carga geral não conteinerizada) ou bulk cargo (granel)”, esclarece.

Como é a divisão de pagamento nesses casos?

Quando é realizada uma negociação de carga parcial no navio, os contratos são feitos de maneira independente. Nesse cenário, o agente de carga ou o ship broker assumem a função de monitorar o mercado e fazem um intermédio com o armador/afretador para encontrar o navio para os clientes. Esses profissionais negociam um volume de carga determinado e, quando é o caso, abrem a negociação para o espaço restante.

Quais as vantagens do embarque compartilhado?

Como cada cliente paga apenas pelo espaço utilizado e ainda assim o navio sai no máximo de sua capacidade, o Part Cargo é fundamental para otimizar o ganho em toda a cadeia de transporte marítimo — do produtor, que consegue um frete mais barato, ao transportador, que fatura o máximo possível em cada viagem.

“Se existir no mercado um navio oferecendo espaço para Part Cargo que lhe seja conveniente em termos de datas, portos de escala, todos os custos da viagem serão rateados entre os demais proprietários de cargas do navio, e o próprio armador terá condições de oferecer um frete mais competitivo, consequentemente”, conclui Roberto.

Adriano concorda com essa vantagem como sendo a mais importante, dando flexibilidade para o mercado em uma visão macro. “Mesmo em tempos difíceis, em que haja aumento de frete e diminuição de demanda, é possível flexibilizar o uso do Part Cargo a seu favor”, complementa.

O resultado disso está na popularização do modelo de contrato, que vem crescendo muito nos últimos anos e se tornando comum no mundo do shipping. Um exemplo que o coordenador dá é o aumento desse tipo de contrato para a importação de fertilizantes.

O único desafio apontado pelos especialistas nesse caso é que o Part Cargo não é tão fácil de achar disponível quanto seu análogo no transporte de contêineres. “Contar com um navio convencional com espaço sobrando para aceitar Part Cargoes, nos portos de origem e para os mesmos destinos, e ainda nas datas desejadas, não é algo que é uma regra”, afirma o profissional da TAP.

De acordo com ele, “o afretador de um lote de 5.000mt tem muito menos poder de barganha do que um que tenha 60.000mt, por exemplo. E, consequentemente, pagará um frete mais alto do que pagaria se tivesse 60.000mt e pudesse afretar um navio inteiro para a sua carga (Full Cargo). Porém, também nesse caso, melhor ter a opção de Part Cargo do que não ter como entregar a carga ao comprador”.

De que forma um agente marítimo pode ajudar nessa situação?

É exatamente por ser, muitas vezes, um contrato de oportunidade e de planejamento que recomenda-se a parceria de um agente marítimo (shipping agent) na hora de negociar um Part Cargo. É responsabilidade da agência marítima atender à escala do navio no porto em nome do armador ou afretador que o nomeia.

Existem alguns pontos fundamentais para que essa divisão funcione da maneira mais eficiente possível. É preciso, por exemplo, haver a compatibilidade em um plano de carga entre características e volumes de forma que as cargas possam ser armazenadas adequadamente em uma mesma embarcação.

Além disso, por ter mais partes envolvidas, é muito importante um alinhamento de interesses que sirva para todos os profissionais e empresas. É um trabalho de mapeamento e de comunicação que exige inteligência e integração de dados para funcionar da melhor forma possível.

Os contratos de Part Cargo, nesse sentido, são mais um exemplo de como esse cuidado faz a diferença na hora de encontrar o melhor frete possível e maximizar lucros. Como Adriano conclui, “nosso maior desafio sempre será prestar um bom atendimento que seja reconhecido por todos que fazem parte dessa cadeia de negócio”.

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