Qual a preocupação dos embarcadores com o plano de carga?
- 06/10/2020
- 12 minutos
A movimentação de grandes cargas por terminais portuários sempre exigiu muito preparo e planejamento. Afinal, ser eficiente e certeiro em processos complexos garante segurança, economia e agilidade. É por isso que o plano de carga é crucial nesses cenários.
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Para que você possa entender melhor do assunto, entrevistamos Lucas Nicolau, coordenador de logística externa da Gerdau, para entrar mais a fundo nos conceitos e na importância desse documento para embarcadores. Acompanhe!
O que é o plano de carga?
O plano de carga é um documento elaborado em conjunto entre armadores e embarcadores para que todas as partes envolvidas no carregamento de um navio em um terminal portuário estejam de acordo sobre a forma de armazenar aquele carregamento.
Nesse documento, são determinadas as dimensões, formas e processos preparatórios e todas as etapas até que o produto esteja integralmente a bordo e possa ser descarregado corretamente, de acordo com cada porto.
Serão definidos, também, os equipamentos e acessórios a serem utilizados, o estudo das características da carga e uma simulação operacional. Tudo isso é feito para garantir que não haja perda ou espaço para acidentes quando dessa execução.
Na grande parte dos casos, esse registro contém:
- quantidade e peso da carga;
- dimensão da carga;
- o que é aceito em cada porto;
- o que cabe em cada porão de navio;
- forma de descarregamento (nos EUA, por exemplo, utilizam-se algumas regras muito específicas);
- resistência de piso;
- descrições do porão;
- capacity plain do navio;
- tolerância prevista;
- possível necessidade de ajuste às condições climáticas (chuva, umidade etc.).
Ou seja, o plano é um guia para a operação. Trata-se de uma fase de análise de demandas e uma determinação oficial de responsabilidades para que tudo fique alinhado entre os atores que fazem parte do processo.
Quanto mais tempo se gasta no alinhamento desses pontos (falaremos mais sobre eles), menos surpresas podem surgir no dia do carregamento.
Qual a importância do documento?
As vantagens de contar com um bom plano de carga mais do que compensam o trabalho para elaborá-lo. Para que você entenda melhor a razão desse documento, separamos sua importância em alguns pilares principais.
Importância normativa
A obrigatoriedade legal do plano é questionável, tendo apenas algumas citações regulatórias na NR 18 e na NR 12. Todas são baseadas no rigging, que é a movimentação de carga especificamente por guindaste móvel.
Mesmo assim, o plano é uma norma comercial, já que todos os grandes portos, empresas e fretadores — shipowner — exigirão o documento.
Importância operacional
A grande razão por trás dessa predominância do plano de carga está na sua importância para a operação de portos e navios. Ter o documento de antemão facilita e agiliza processos.
Lucas explica sua importância no alinhamento entre todos que fazem parte da operação. “Imagine se o navio chega ao porto e, só então, vamos para uma discussão de plano. Isso vai gerar um impacto negativo tanto para o armador — carrier —, que precisa negociar toda hora, quanto para o embarcador, que pode ter uma perda”, comenta.
Importância econômica
A eficiência operacional também colabora com a economia na movimentação de carga, que pode baratear processos ao longo de todo o transporte. Mas não é apenas na otimização que o plano de carga contribui.
Como o coordenador da Gerdau aponta, “muitas cargas são negociadas via carta de crédito, ou seja, deve ser seguido exatamente como está lá. Se perder o prazo ou tempo de faturamento, há um grande impacto”.
Importância de segurança
É claro que não podemos falar de operações tão importantes sem falar de segurança. O plano de carga diminui consideravelmente a incidência de acidentes. A movimentação é executada com pleno conhecimento de etapas, maquinário a ser utilizado e o papel de cada pessoa incluída no processo.
Quais os principais pontos para ter atenção no plano de carga?
Para elaborar um plano de carga, basta seguir as exigências, como a lista que demos no primeiro tópico. O fundamental é buscar informações e traçar estratégias.
Mas, além dessa parte direta, é preciso também focar pontos que orbitam esse tipo de movimentação. Veja quais são e como incluí-los no seu documento.
Preparação e conhecimento de processos
As pessoas diretamente ligadas à elaboração do plano precisam de um entendimento maior sobre suas características. A preparação envolve conhecer a carga, o processo, o porto, o navio e a rota. Entender, principalmente, a relação entre eles, a ordem de fases e responsabilidades e adequar necessidades a esses quesitos.
Informações sobre o navio
Outra questão interessante é que o seu plano de carga não pode estar só no papel. “Não dá para analisar só com informações no Excel. Algumas características, a gente só consegue ver nos desenhos técnicos do navio. Precisamos da planta e, por isso, sempre pedimos”, afirma Lucas.
Negociação de pontos-chave
No plano, também podem ser sedimentadas as condições negociadas entre as partes. Elas podem ser operacionais (como não operar com chuva) até a quantidade de carga a ser movimentada. Outra etapa sensível da negociação está no compartilhamento de navios.
“Alguns navios carregam só a nossa carga e outros, de vários embarcadores juntos — aí é que está o grande desafio do plano de carga. O armador manda para cada embarcador verificar o plano. Se forem três embarcadores (A, B e C), A pode dizer que está ok, mas B e C podem afirmar que é preciso reajustar. Até chegar no consenso”, exemplifica Lucas.
Determinação de responsabilidades
Assim como SLAs e regras de compliance em um contrato, o plano de carga precisa pré-determinar responsabilidades. Quem deve fazer o quê, quem responde por tais tipos de obstáculos que possam aparecer e de quem é o ônus em caso de perdas e acidentes.
Ajuda especializada
Como você pôde ver, um planejamento como esse exige muito conhecimento, expertise e proximidade com as partes envolvidas na operação. Isso significa que contar com agenciamento marítimo — shipping agency — é muito importante, desde a preparação até a execução na movimentação de cargas.
É exatamente falando sobre essa parceria com a Wilson Sons que o coordenador da Gerdau conclui a entrevista. “Nosso trabalho com a Wilson Sons funciona muito bem, tanto na questão da informação, de apoio (quando precisamos de algum suporte adicional), como, por exemplo, sobre como está o navio no porto anterior.”
Para o plano de carga, essa preocupação é fundamental. Conhecimento e entendimento, planejamento e determinação de responsabilidades. Com esse foco em mente, o sucesso é garantido para todas as partes.
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