Porto do Açu: sólido crescimento poderá transformar o porto em um dos mais importantes do país?
- 24/03/2020
- 10 minutos
O Porto do Açu, um dos mais importantes portos do Brasil, passa por um momento de sólido crescimento, e isso impacta o mercado marítimo de inúmeras maneiras. No entanto, o que explica esse crescimento? De quais formas ele se manifesta?
Para que você saiba mais sobre o tema, preparamos este conteúdo. Durante a leitura, você encontrará números interessantes sobre o desenvolvimento e algumas perspectivas para o futuro. Aproveite as informações!
Por que o Porto do Açu tem crescido tanto?
Com o objetivo de responder a essas questões com a maior precisão possível, conversamos com João Braz, que é diretor de Terminais e Logística da Porto do Açu Operações. Segundo o especialista, o Porto do Açu é um empreendimento 100% privado e tem se consolidado como um dos principais polos do setor de O&G (Oil & Gas) do país, transportando cargas e ampliando a prestação de serviços ao setor.
“Somos uma plataforma one stop shop e oferecemos diferentes alternativas de negócios para todos os agentes da cadeia do mercado de Óleo e Gás (O&G), além de atender várias outras indústrias”, explica João.
Mais do que ser a origem da fabricação e da movimentação de equipamentos e materiais para operações marítimas, o porto é o destino do que é produzido de O&G nas bacias brasileiras. Ainda de acordo com o diretor, o Porto do Açu é orientado por cinco valores fundamentais:
- segurança;
- integridade;
- eficiência;
- sustentabilidade;
- colaboração.
O que também ajuda a entender seu crescimento exponencial é o fato de o porto ter ampliado seu portfólio de cargas e clientes, destacando as movimentações de minério de ferro, carga geral e outros granéis sólidos, uma vez que são desenvolvidas soluções customizadas de acordo com a necessidade de cada mercado ou cliente.
Outro diferencial relevante do maior complexo portuário, quando se trata do setor industrial e de energia do Brasil, é sua localização estratégica: ele fica no município de São João da Barra, ao norte fluminense e próximo às bacias de Campos, Santos e Espírito Santo.
No município, está em desenvolvimento um completo hub de Óleo e Gás (O&G), capaz de se conectar à malha dutoviária já existente na Região Sudeste, que será bastante estratégico para essa indústria. “Um dos projetos que temos em andamento é um parque termelétrico robusto, com 3 gigawatts de capacidade”, aponta João.
Cabe ressaltar que operam, a partir do Açu, empresas líderes no fornecimento de bens e serviços para o mercado de O&G. O empreendimento, que conta com 14 empresas instaladas, ainda dispõe de retroárea para a instalação de novas organizações dos mais variados segmentos.
Como estão os números do Porto do Açu nos últimos anos?
Até aqui, ficou nítido que o maciço investimento em infraestrutura tem gerado bons resultados para o Porto do Açu, cuja operação se dá desde 2014 e que conta com uma área total de 130 km² — 40 km² desse espaço são destinados à reserva ambiental. Como se não bastasse, o porto tem ampliado os tipos de cargas movimentadas e clientes, se consolidando como uma boa alternativa para exportar e importar produtos.
“Atualmente”, explica o diretor, “o complexo movimenta petróleo, coque, ferro-gusa, beach iron, minério de ferro, carvão, bauxita e gipsita, além de carga geral e de projetos. O Açu também está desenvolvendo a infraestrutura necessária para movimentar contêineres”.
Segundo João, o Terminal de Minério de Ferro, por exemplo, movimentou mais de 23 milhões de toneladas em 2019, alcançando seu recorde. O Terminal de Petróleo, por sua vez, é responsável por 25% das exportações brasileiras de petróleo e encerrou o ano com cerca de 72 milhões de barris movimentados. Em 2019, o crescimento apresentado foi de 80%, quando comparado ao ano de 2018, cuja movimentação não ultrapassou a marca de 40 milhões de barris.
Ainda nesse sentido, o Terminal Multicargas do Açu atingiu o marco de 2 milhões de toneladas movimentadas. Esse número vem crescendo desde o início de suas operações, em 2016 — houve uma significativa expansão do portfólio de cargas e clientes atendidos, o que levou a importantes recordes operacionais.
“No complexo, temos mais de 5 quilômetros de cais construídos a para realização de atracações e mais de 30 berços de atracação ligados à logística offshore. Em 2019, obtivemos um total de acessos de 3.252 embarcações, ultrapassando o número de acessos registrado no ano anterior”, relata João.
Quais são as perspectivas para o futuro do Porto do Açu?
Assim como acontece com os portos do Arco Norte e com o setor de Óleo e Gás (O&G) em geral, é bem provável que os próximos anos sejam animadores para o Porto do Açu — o complexo tem apresentado taxas positivas de crescimento desde o início de suas operações.
Ao comentar sobre o futuro, João traz dados interessantes. “Devemos receber cerca de R$ 16,5 bilhões em investimentos nos próximos 5 anos”. O diretor diz que esse montante será investido pelas empresas instaladas no complexo e destinado à implantação de termelétricas, gasodutos, oleodutos, parque de tancagem de óleo e UPGN (Unidade de Processamento de Gás Natural), entre outros.
Quando começou a operar, em 2014, o porto recebeu mais de R$ 13 bilhões em investimentos na infraestrutura portuária e na instalação das 14 empresas que operam no complexo. Essa foi a primeira fase de implantação do porto e concretizou o desenvolvimento dos hubs de logística e serviços para minério e petróleo.
“Na segunda fase de desenvolvimento, está prevista a conexão do complexo à rede de oleodutos e gasodutos existente na região, assim como a geração de energia elétrica no próprio Açu”, projeta João.
Com isso, a disponibilidade de gás no complexo a partir de 2023, de acordo com as estimativas, alavancará a atração de novas indústrias: principal objetivo da terceira fase de desenvolvimento do complexo. Entre os setores que podem se instalar no local, vale destacar:
- petroquímicas;
- refinarias;
- siderúrgicas;
- indústrias fertilizantes.
Com os números apresentados, o Porto do Açu tem tudo para se consolidar como um dos mais importantes do país. O crescimento recente e o planejamento ajudam a entender por quais razões isso tende a acontecer.
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