Porto sem papel: veja como a digitalização revoluciona a logística portuária

  • 12/04/2022
  • 12 minutos

Modernização, eficiência e sustentabilidade. Da forma como percebemos, essas são as principais características da digitalização. Por isso, aproveitamos o momento para elaborar um artigo especial sobre o tema. Afinal de contas, você já conhece o projeto Porto sem Papel? Se não, sem problemas.

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Aqui, você entenderá como o setor está evoluindo para uma realidade ainda mais produtiva. Para isso, contamos com a colaboração de dois profissionais importantes, Márcio Bragança Mira, Supervisor de Operações na unidade de negócio Agência Marítima, da Wilson Sons, e Fabricio Carvalho Freitas, Gerente de Tecnologia e Processos no Tecon Salvador. Acompanhe!

O que é e qual a importância do projeto Porto sem Papel?

Em nossa visão, quando falamos de ESG falamos sigla do século 21. Tais letras abreviam Environmental, Social and Governance, um conceito que estimula as empresas a adotarem soluções de responsabilidade social, ambiental e corporativa. Com o setor marítimo, logístico e produtivo, isso não seria diferente.

Sendo assim, o governo federal instituiu um novo projeto para estimular o uso da tecnologia na realidade portuária brasileira. O Porto sem Papel é um sistema dedicado a reduzir burocracias, promover agilidade, gerar economia e tornar o setor marítimo um segmento mais prático, limpo e eficiente. 

Para isso, o projeto determinou a criação do DUV, o Documento Único Virtual. O objetivo é substituir a “papelada” do cotidiano portuário por esse único documento, eletrônico e centralizador. A medida tem um potencial enorme, pois é capaz de acelerar a verificação e liberação de mercadorias.

Outro detalhe importante é que a digitalização dessas informações também possibilitou a organização dos dados em uma única plataforma, o Concentrador de Dados Portuários. Com isso, é possível avaliar a autenticidade de documentos com ainda mais segurança, precisão e rapidez.  

Assim como em qualquer outro setor, a digitalização é uma injeção de tecnologia e resultado. Com o Porto sem Papel, o segmento caminha na direção de uma rotina operacional mais ágil, segura, econômica e organizada, beneficiando a todos que atuam nesse meio.

Como é a digitalização na logística portuária?

A digitalização é uma tendência inevitável em todos os setores produtivos, sendo, inclusive, uma das principais vertentes da Indústria 4.0. Na logística portuária, tal transformação ocorre na forma de sistemas digitais, contratos e assinaturas eletrônicas, adoção de novas tecnologias e flexibilização da rotina de trabalho. 

Mas, claro, nada melhor do que contar com opiniões técnicas para amparar essas observações. Com um ano de companhia, completo em agosto de 2021, Márcio desde o início já notava “que todos os processos da empresa estavam no formato digital”. Já Fabricio destacou uma “evolução enorme nos últimos anos”, e que, no âmbito da Wilson Sons, percebeu a digitalização de “diversos processos internos e com clientes”.

Como exemplo, Fabricio também destaca o Terminal de Salvador. “Desde 2017, o processo de desembaraço de carga e faturamento é totalmente digital através de nosso portal B2B”, afirma o profissional. Assim, clientes, despachantes e demais intervenientes podem realizar tudo pelo site, sem uso de papel, com eficiência, rapidez e praticidade.

Quais as vantagens da modernização portuária?

Perguntado sobre os benefícios dessa transformação ao setor, Marcio destaca que eles existem tanto para as empresas como para o mercado. Para as empresas, o especialista enfatiza pontos como a colaboração e simplificação de processos e, também, a flexibilização do horário e local de trabalho, criando um ambiente ainda mais saudável e produtivo.

Já para o mercado como um todo, ele ressalta benefícios como o uso de ferramentas colaborativas, a automatização de processos e a facilidade em realizar consultas e pesquisas. Fabrício ainda complementa destacando vantagens como agilidade, eficiência, confiabilidade, transparência e segurança.

Segundo ele, agilidade e eficiência, pois é possível ter “um processo mais dinâmico, sem interações físicas que dependam de papel e deslocamento físico das pessoas”. Já a confiabilidade e transparência, porque a digitalização oferece um panorama em tempo real sobre todo o processo, com rastreabilidade e auditabilidade.

Por fim, em relação à segurança, Fabricio destaca a Wilson Sons como referência, pois esta garante que, em todas as etapas, seja respeitada a “confidencialidade dos dados de seus clientes e processos, também observando normas e legislação que visem atender às demandas legais, preservando a segurança dos dados”, salienta o especialista.

Para concluir, questionamos como eles enxergam um futuro sem papel. Marcio é franco e objetivo: “Eficiência e competitividade em relação às melhores práticas internacionais”. Com isso, ele indica que a conformidade à digitalização será obrigatória para qualquer empresa que busque ser competitiva no mercado. 

Fabricio complementa, inclusive, demonstrando como a Wilson Sons enxerga o chamado paperless future — um amanhã em que todas as interfaces e frentes de atendimento e interação são digitalizadas, maximizando os resultados, eliminando as burocracias, aumentando a segurança e reduzindo os custos. 

Quais os desafios da transformação digital?

No entanto, nem tudo são flores. Frequentemente, grandes transformações implicam grandes obstáculos. Aqui, ambos argumentam sob o mesmo consenso, principalmente, quando batem na tecla da segurança dos dados.

Segundo Marcio, um ponto que merece muita atenção é a “falta de segurança (regulamentações específicas que criem sanções para) no uso inadequado de sistemas que permitam a digitalização dos processos, e usuários dos sistemas que não compreendam a evolução”.

Fabricio complementa destacando que “a maior preocupação do mercado, com certeza, é com a cibersegurança, tema cada vez (mais) presente na pauta estratégica das empresas e que é, segundo os especialistas, o maior desafio da tecnologia nos próximos anos” — tópico de absoluto cuidado e expertise para a Wilson Sons.

Por fim, eles elencam os possíveis riscos criados pela digitalização, principalmente, quando a implementação de novas tecnologias não é acompanhada por um planejamento e execução coerentes à estratégia de segurança das empresas. 

Marcio aponta para os riscos, situações e desafios, como o vazamento de dados confidenciais, as rotinas de análise de dados não automatizadas e a necessidade de evolução contínua acelerada. Fabricio ainda enfatiza a importância das empresas estarem ao lado das iniciativas de TI para elevar o nível de prevenção e segurança à informação. 

Segundo ele, a maioria dos golpes da atualidade são obras de Engenharia Social, um método que foca em obter informações como credenciais de usuários e outros dados sensíveis por meio da manipulação psicológica, com o intuito de executar ações e/ou divulgar informações confidenciais.

A transformação digital é inevitável, ela chegará mais cedo ou mais tarde em todos os setores e empresas, inclusive no ramo marítimo e de portos. Por essa razão, é muito importante, os profissionais desse segmento ficarem atentos a tais mudanças, a fim de se prepararem e se adaptarem rapidamente a elas.

Agora que você tem uma noção ampla sobre o projeto Porto sem Papel e a importância da digitalização no setor marítimo, aproveite para seguir aprendendo, acessando nossos outros conteúdos exclusivos sobre o mercado!