Será que os grandes investimentos na revitalização de campos maduros valem a pena?

  • 18/08/2020
  • 10 minutos

Um campo de petróleo também apresenta um ciclo de vida, tendo o seu início, meio e fim. Desse modo, chega um momento em que ele atinge o declínio da sua produção, mas será que vale a pena investir na revitalização de campos maduros para prolongar a sua produtividade por mais alguns anos ou décadas?

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Para falarmos do assunto, conversamos com o Dr. Lideniro Alegre, diretor da OPLA Consultoria em O&G (Oil and Gas). Ele esclareceu com mais detalhes o que é a revitalização de campos maduros, os prós e contras dessa prática e ainda explicou se ela de fato vale a pena.

Continue lendo para entender quando a revitalização deve ser considerada e os aspectos que estão envolvidos nesse processo e que apontam ou não para a viabilidade dessa estratégia.

O que é a revitalização de campos maduros?

Primeiro de tudo, é importante entendermos a diferença deles para os campos marginais. O Dr. Lideniro explica que “o campo maduro é definido pela sua idade e seu percentual de exaustão, e um campo marginal é definido pela sua economicidade, podendo ser maduro ou não”.

Isso significa que o campo maduro é aquele que se enquadra na Resolução nº 749/2018 da ANP (Agência Nacional de Petróleo), tendo já produzido mais de 25 anos, ou apresentando uma produção acumulada correspondente a, pelo menos, 70% do volume que poderia produzir em toda sua vida produtiva.

Já o campo marginal pode ou não ser maduro porque, nesse caso, estamos falando da viabilidade econômica que ele apresenta. Para essa definição, o especialista explica que se tem como base parâmetros como custos operacionais e a tributação existente em cada país — entre outros fatores que definem se esse campo é ou não é valoroso economicamente.

Portanto, a revitalização de campos maduros, conforme explicação do Dr. Lideniro, visa aumentar a produção para que a sua economicidade ou rentabilidade melhorem, além de estender o seu tempo de vida produtiva e elevar o fator de recuperação do óleo que está no subsolo.

Desse modo, um campo que em breve poderia ser descomissionado, ou seja, abandonado, recebe novos recursos, tecnologias, adequações ou mudanças para que possa sobreviver por até mais de 30 anos, garantindo assim a continuidade da sua participação econômica na região e no país.

Quais os prós e os contras dessa prática?

De acordo com o especialista, a revitalização de campos maduros demanda, inicialmente, um estudo técnico-econômico que justifique ou não essa interferência. Sendo assim, ela é realizada quando essas ações realmente se mostram viáveis e economicamente rentáveis para a empresa que tem a concessão.

Entretanto, se a empresa chegar à conclusão de que, para ela, não é viável fazer essa revitalização, ela tem como alternativa vender o campo para uma organização que possa alcançar lucratividade com essa intervenção, ou fazer o abandono dele.

O descomissionamento costuma ser postergado ao máximo porque o campo tem um grande impacto econômico na região onde está situado, e ainda gera riquezas para o país. Assim, a revitalização de campos maduros apresenta vantagens, mas, também, pode contar com algumas desvantagens, sobre as quais falaremos a seguir.

Os prós da revitalização de campos maduros

Dr. Lideniro aponta como principal pró da revitalização de campos maduros a continuidade da geração de riquezas. Segundo ele, “um campo produtor, em terra ou no mar, gera riquezas e desenvolve a região onde ele se situa, gerando empregos, participações governamentais em forma de royalties. A própria educação da região se desenvolve melhor porque tem mais geração de riquezas e empregos”.

Outro motivo apontado pelo especialista é a sobrevivência das empresas de prestação de serviços, como transporte, pintura de plataforma, suporte marítimo, manutenção em geral, perfuração, troca de linhas e fabricantes de equipamentos e peças. Afinal, quando um campo é descomissionado, todas elas perdem uma parcela do seu mercado.

“Além disso, um país que não tem muita produção de petróleo, a revitalização compensa e aumenta suas reservas, o que mantém níveis de produção de petróleo suficientes para o consumo interno e até para exportar”, ressalta o especialista.

Os contras da revitalização de campos maduros

“A revitalização em si não apresenta desvantagens”, adianta o Dr. Lideniro. Como seria isso possível? Ele nos explica que, como a revitalização de campos maduros mantém a economia regional, ela contribui ainda com a economia nacional, garante a sobrevivência de empresas e assegura a produtividade de petróleo.

Entretanto, pode não ser viável realizar essa interferência quando o arcabouço fiscal e tributário do país é desfavorável. O especialista explica que o regime “tem que ser adequado para a justa arrecadação de tributos para o país, bem como para dar conforto para que o investidor continue investindo e revitalizando seus campos”.

Existe ainda outro fator que precisa ser considerado para que a revitalização de campos maduros de fato seja viável e vantajosa. Conforme explicamos, é necessário aplicar novos recursos e tecnologias, assim, o ideal é que elas estejam disponíveis para isso, sendo acessíveis para o país onde o campo está localizado.

Mas afinal, vale a pena investir nessas revitalizações?

De acordo com o Dr. Lideniro, no Brasil nenhuma empresa é obrigada a produzir um campo não econômico. Nesse caso, ela pode devolver o contrato de concessão para a ANP, não interessando a idade do campo. Entretanto, quanto à viabilidade da revitalização, ele explica que se ela for considerada como econômica, com certeza vale a pena investir.

Sendo assim, se torna vantajoso se:

  • o campo ainda tiver recursos suficientes para uma boa produtividade;
  • a empresa puder contar com recursos financeiros para fazer a revitalização;
  • houver acesso às tecnologias necessárias para revitalizar;
  • o arcabouço fiscal e tributário forem favoráveis, então a revitalização é uma alternativa melhor do que o abandono.

Na opinião do especialista, existem mais prós do que contras para fazer a revitalização de campos maduros. Desse modo, “se for econômico, faça, se não for econômico, passe para outros ou, se não houver interessados, resta o abandono”. Mas há que se considerar os impactos que isso pode gerar para a economia da região, bem como a do país.

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