Saiba como funcionam os terminais de transbordo

  • 26/03/2025
  • 23 minutos

Para minimizar os custos operacionais e otimizar os procedimentos de logística, cabe aos gerentes de processos entender de forma clara como funcionam os terminais de transbordo. Afinal o transbordo precisa ser rápido e efetivo.

No caso de quem trabalha, por exemplo, no ramo de Armadores Internacionais, esse é um termo corriqueiro e faz parte da rotina. No entanto, existem ocasiões em que esses profissionais precisam treinar suas equipes ou até mesmo fazer apresentações para clientes e para a diretoria.

Em situações como essas, para atingir objetivos como a otimização das operações, é importante saber explicar o significado e o funcionamento dos terminais de transbordo. Por esse motivo, nós da Wilson Sons elaboramos esse artigo.

Nesse material vamos esclarecer o significado do termo terminal de transbordo e falar como são feitas suas operações. Além disso, vamos citar o que é uma estação de transbordo de cargas e comentaremos sobre o transbordo hidroviário que é um modal de grande importância para nosso país.

Acreditamos que este post sobre como funcionam os terminais de transbordo enriquecerá ainda mais os seus conhecimentos e a sua vida profissional. Aqui você irá relembrar, aprender e fixar os principais conceitos acerca desse assunto. Acompanhe!

O que significa terminal de transbordo?

Em termos gerais, os terminais de transbordo são instalações destinadas a receber, armazenar e transferir produtos provenientes de um meio de transporte para conduzi-los a outro da mesma ou de diferente modalidade.

A necessidade da existência dos terminais de transbordo está no fato de que nem sempre um meio de transporte único é capaz de levar os produtos até o consumidor final. Sem essa estrutura seria impraticável exportar nossos grãos para outros continentes, como para a Europa, por exemplo. 

Quanto ao armazenamento, imagine se tentássemos carregar um navio com grãos. No entanto, fazendo a descarga nessas embarcações diretamente por meio de caminhões. Pense no transtorno dentro do porto com a quantidade de circulação de veículos descarregando simultaneamente na embarcação por não haver os espaços de armazenamento.

Para isso, os terminais de transbordo acondicionam as mercadorias para que elas sejam descarregadas no tempo e na quantidade necessária para serem transferidas para os seus destinatários.

Salientamos que em alguns casos, nem sempre há a necessidade de mudança de modal de transporte, ou seja, pode haver o deslocamento de ônibus para ônibus, aeronave para aeronave, entre outros.

Para exemplificar, as rodoviárias e aeroportos podem ser considerados um terminal de transbordo de pessoas. Já no caso de mercadorias podemos citar os terminais de transbordo hidroviários, ferroviários e dutoviários. 

Dentro do nosso contexto, que é relacionado ao transporte de mercadorias, após falarmos das operações de transbordo e suas estações de cargas, destacaremos o transbordo hidroviário. Um dos motivos disso é que esse modal é de grande importância para a movimentação dos portos do nosso país.

Logo, os terminais de transbordo podem ser considerados a forma inteligente e eficaz de girar a engrenagem logística e as suas cadeias de suprimento. Por meio deles, a indústria e o comércio e as empresas de fretamento, reduzem custos e entregam seus produtos com agilidade, consumidores e usuários de todo o mundo.

O que é uma operação de transbordo?

Operação de transbordo é a prática realizada nos terminais de transbordo — receber, armazenar e transferir produtos provenientes de um meio de transporte para conduzi-los a outro ou a um mesmo, em um determinado intervalo de tempo.

Operações de transbordo

Certamente, cada modalidade de terminal e de mercadoria podem ter suas particularidades. No entanto, existem alguns procedimentos e ações são basicamente as mesmas. Conheça as principais operações de transbordo:

  • recepção: conferência de documentação;
  • liberação para entrada no terminal compatível com a carga;
  • pesagem de controle da carga;
  • estimativa; verificação de merma;
  • classificação do produto, podendo ser documental ou experimental;
  • pré-tratamento físico, químico ou biológico,
  • armazenagem;
  • conservação de segurança para evitar ações com intenções criminosas, deterioração ou perdas de origens naturais;
  • retirada para embarque, automatizada, mecânica ou manual;
  • conferência do peso (contra pesagem);
  • manejo e carregamento, manual, mecânico ou automatizado;
  • emissão da nota de conhecimento de embarque;
  • despacho do veículo destinado para a operação de transporte da carga;

Cabe ressaltar que as operações acima, conforme a tecnologia presente no terminal de transbordo, são executadas de maneira automatizada, mecânica, manual. Em alguns casos, como a contra pesagem, às vezes dependendo da carga são feitas estimativas de peso.

O que é uma estação de transbordo de cargas?

A estação de transbordo de carga ou ETCs, é uma das denominações dos próprios terminais de cargas. São nelas que são feitas as operações entre os veículos de carga, sejam eles quais forem as suas modalidades de transporte.

Na intenção de fixarmos o conceito de uma estação de transbordo de cargas, consideramos importante mencionarmos a definição oficial da Receita Federal acerca de transbordo de carga. Confira.

Conforme o Decreto n.º 6.759, de fevereiro de 2009, Art. 335, da Receita Federal, o transbordo de cargas é a transferência direta de mercadoria de um veículo para outro veículo. 

Dentro das definições desse mesmo decreto, é importante não confundir transbordo de carga com baldeação de carga.

A baldeação é a transferência de mercadoria descarregada de um veículo e posteriormente carregada em outro. Nesse caso a mercadoria pode ficar estocada, não há a necessidade de ser despachada com a mesma celeridade que acontece no transbordo.

Tipos de cargas dos terminais de transbordo

Para que os terminais de transbordo tenham suas construções e instalações preparadas para receber as mercadorias é necessário conhecer a classificação universal de cargas. Saiba quais são.

  • carga geral: também chamada de carga seca, constituída por mercadorias embaladas em sacaria, engradados, caixotes, caixas, fardos, tambores e amarras;
  •  granéis: cargas transportadas que não são embaladas individualmente. Normalmente, o próprio veículo de transporte é o seu meio de contenção. Podemos citar os como grãos, minérios, granéis líquidos, derivados de petróleo, óleos vegetais e gases como o cloro e o GLP;
  • unitizadas: são cargas acondicionadas como uma unidade para facilitar o manuseio na ocasião da transferência. Os formatos mais utilizados são os contêineres, padrões, pallets e pré-lingadas. Em alguns casos um veículo não tracionado se torna um elemento unificador, como trailers, lighter aboard ship, entre outros;
  • frigoríficas: são cargas em que para a sua conservação há a exigência do controle de temperaturas baixas (peixes, carnes, frutas e alguns tipos de medicamentos);
  • break bulk ou individuais: esse é muito comum para determinar mercadorias a serem transportadas de modo a granel. Porém, nesse caso os seus volumes são considerados expressivos. Temos como exemplo bobinas de papel, produtos da indústria siderúrgica, toras de madeira entre outros.

Termos utilizados nos terminais de transbordo

Normalmente, as profissões e segmentos do mercado têm os seus próprios jargões e vocabulários técnicos utilizados nas suas rotinas. Nos terminais de transbordo de carga e portos, os profissionais precisam utilizar determinados termos para evitar erros e falta de compreensão em suas operações.

Os termos utilizados nos terminais de transbordo de carga são chamados de INCOTERMS. Trata-se de acrônimos derivados das palavras da língua inglesa: International Commercial Terms, que, traduzidas literalmente, significa Termos Internacionais de Comércio.

Os Incoterms surgiram em 1936, quando a Câmara Internacional do Comércio – CCI, com sede em Paris, interpretou e consolidou as diversas formas contratuais que vinham sendo utilizadas no comércio internacional. 

Confira os códigos e as descrições da tabela dos Incoterms 2020, conforme Publicação n.º 723-E, de 2020 da International Chamber of Commerce (ICC):

  • EXW – EX WORKS (na origem);
  • FCA – FREE CARRIER (livre no transportador);
  • FAS – FREE ALONGSIDE SHIP (livre ao lado do navio);
  • FOB – FREE ON BOARD (livre a bordo);
  • CFR – COST AND FREIGHT (custo e frete);
  • CIF – COST, INSURANCE AND FREIGHT (custo, seguro e frete);
  • CPT – CARRIAGE PAID TO (transporte pago até);
  • CIP – CARRIAGE AND INSURANCE PAID TO (transporte e seguro pago até);
  • DAP – DELIVERED AT PLACE (entregue no local);
  • DPU – DELIVERED AT PLACE UNLOADED (entregue no local descarregado)
  • DDP – DELIVERED DUTY PAID (entregue com direitos pagos);

Outro termo importante utilizado no meio de transporte de mercadorias relativo ao transbordo é — Transshipment. Ele é mencionado na ocasião de descarregamento e recarregamento dos produtos, enquanto estão no decorrer da viagem, utilizando sempre o mesmo meio de transporte.

Taxas de serviços cobradas nos terminais de transbordo

Para oferecer serviços de qualidade e manter as instalações, máquinas e equipamentos nas melhores condições de funcionamento, há a cobrança de determinadas taxas nos terminais de transbordo de cargas.

O conhecimento de taxas é essencial para que gerentes de operações e fornecedores de produtos saibam determinar os custos das mercadorias, e assim, evitarem prejuízos.

Confira as taxas comumente cobradas nos terminais de transbordo de cargas:

  • movimentação de carga;
  • armazenagem de cargas; função de peso e/ou área ocupada, valor, periculosidade tipo de instalação (armazém ou pátio) e período de uso;
  • serviços conexos, como pesagem, desinfecção, secagem,
  • reparação de avarias, embalamento entre outros;
  •  serviços administrativos, emissão, documentação para autorização de transporte, certificações etc.
  • comissões para comercialização: em situações de agenciamento para colocar os produtos no mercado;

Além das taxas de serviços, os operadores dos terminais de transbordo devem ficar atentos à fiscalização aduaneira realizada pela Receita Federal. Nela é feita a verificação da documentação para confirmar se a carga atende a legislação. 

Instalações que compõem terminais de transbordo de cargas

Para que as operações de movimentação de carga ofereçam segurança, conforto e agilidade, os portos devem conter instalações e edificações para os terminais de transbordo. Veja quais são as principais:

  • escritórios administrativos;
  • instalações sanitárias, lanchonetes e refeitórios;
  • guaritas e portarias de segurança;
  • galpões abertos ou fechados para armazenamento de cargas;
  • pistas pavimentadas e devidamente sinalizadas;
  • tanques e silos;

Máquinas e equipamentos que compõem terminais de transbordo de cargas

Para movimentar, embalar e tratar as cargas nos terminais de transbordo é necessário a instalação de plataformas e o uso de máquinas e equipamentos. Confira:

  • plataformas de embarque fixas ou móveis com esteiras rolantes, guindastes, tubulações e estruturas em pórticos;
  • plataformas de desembarque: moegas, guindastes, pórticos, truck dumpers empilhadeiras;
  • máquinas e equipamentos para movimentação horizontal: tratores, locomotivas de manobra, cavalos mecânicos e carretas, plataformas, correias transportadoras, estruturas em pórticos;
  • máquinas e equipamento para movimentação vertical: guindastes, pórticos, guinchos, elevadores;
  • máquinas e equipamentos para movimentação horizontal e vertical: bombas elétricas ou pneumáticas, teleféricos entre outros;
  •  equipamentos para movimentação e tratamento especial: como as pás mecânicas e aeradores;
  • balanças e sensores para pesagem com acionamento mecânico ou eletrônico; 
  • máquinas para embalar e acondicionar;
  • equipamentos para secagem: 
  • equipamentos e produtos para desinfeção e lavagem;

O transbordo hidroviário

O transbordo hidroviário, também conhecido como aquaviário, é feito nos terminais hidroviários ou como já citamos nas Estações de Transbordo de ETCs. São ambientes específicos situados nos ambientes dos portos de exportação ou de cabotagem.

As estações de transbordo hidroviário têm basicamente duas funções:

  • receber as cargas da produção do país provenientes dos transportes rodoviários, ferroviários e de embarcações e transferem para navios para exportação ou cabotagem;
  • receber cargas provenientes de navios estrangeiros ou de cabotagem para distribuir para o interior do país via transporte ferroviário ou rodoviário. 

No Brasil o modal hidroviário é dividido entre fluvial e marítimo. O transporte marítimo é o mais importante, respondendo por cerca de 80% do comércio internacional do Brasil. Essa maneira de transportar cargas oferece vantagens como ser econômico e limpo, além de desafogar as rodovias do país.

O modal marítimo se divide em: transporte de cabotagem e de longo curso. O de cabotagem é realizado entre portos de um mesmo país, enquanto o transporte de longo curso é realizado entre portos de países diferentes.

Para o transporte fluvial são construídas as Hidrovias, onde se utilizam de rios, lagos e lagoas navegáveis. Sendo de grande importância para o transporte de grandes quantidades de mercadorias, como minérios e produtos não perecíveis.

O transporte hidroviário, seja marítimo ou fluvial e com as operações nos terminais de transbordo, gera anualmente milhões de empregos e oferece vagas para trabalhadores tanto nas embarcações quanto nos terminais de transbordo de cargas. 

Esperamos que este artigo seja para você um panorama acerca das principais informações que envolvem os terminais de transbordo e o seu funcionamento. Aproveite seu tempo e continue a leitura com o nosso guia completo da movimentação de carga para aumentar a eficiência logística.