Salvatagem nas embarcações offshore: entenda como funciona

  • 09/11/2021
  • 13 minutos

A operação de embarcações offshore, assim como qualquer outro tipo de serviço ou indústria, precisa se preocupar de forma contínua com a segurança do trabalho. Ainda mais quando estamos falando de uma rotina em alto-mar lidando com processos complexos e de risco.

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É por isso que a Salvatagem é um tema constante de planejamento por quem faz parte do setor de O&G, isso desde o afretamento marítimo (maritime chartering) até a extração e armazenamento de recursos durante a exploração.

Quer entender melhor o que é Salvatagem e como ela funciona nesse contexto de offshore? Convidamos Marcelo Knaak, gerente de operações de Rebocadores, Regional Sul, para ajudar a responder às suas principais dúvidas. Boa leitura. 

O que é Salvatagem?

Este é um processo relacionado a toda e qualquer rotina profissional relacionada à segurança do trabalho. A Salvatagem, como explica Marcelo, “envolve uma série de equipamentos, materiais e procedimentos que visam mitigar o risco de acidentes, além de aumentar as chances de sobrevivência e resgate em caso de naufrágio, incêndio com abandono da embarcação ou de outras ocorrências”.

Por essa especificidade, esse assunto é ainda mais importante em unidades flutuantes offshore, tendo em vista que são funções de risco moderado a alto e com dificuldade de acesso imediato de reforços de profissionais da saúde.

É por isso que a Salvatagem está registrada na NR 37, a Norma Regulamentadora que trata da segurança e da saúde em plataformas de petróleo, principalmente ligada ao plano de segurança obrigatório por lei.

Diz a NR sobre o plano:

Documento obrigatório para as plataformas que indica claramente, em cada piso, o arranjo contendo a discriminação dos materiais, equipamentos e instalações de segurança a bordo para Salvatagem, detecção, proteção e combate a incêndio, simbologia, nomenclatura, localização e dotação, além das rotas de fuga e das saídas de emergência.

Outros dispositivos legais que tratam sobre o tema são a SOLAS (The International Convention for the Safety of Life at Sea), aplicável para embarcações mercantes com mais de 500 de Tonelagem de Arqueação Bruta, e as NORMAMs 01 e 02.

Como funcionam as bases de apoio Offshore

Qual é a importância de saber mais sobre o tema?

Prestar atenção nas recomendações de segurança do trabalho é sempre uma garantia de tranquilidade e eficiência para a realização de funções operacionais, independente de quais sejam elas. É por isso que as exigências precisam ser conhecidas, praticadas e lembradas sempre que há a interação de pessoas e ferramentas dentro de uma embarcação offshore.

No caso da Salvatagem, esse preparo é ainda mais relevante. Afinal, se houver um incidente, as medidas mais emergenciais precisam ser colocadas em prática imediatamente, considerando que qualquer necessidade de pessoal ou ferramentas que não estejam presentes na unidade demoram algum tempo para estarem disponíveis.

De que forma a Salvatagem se relaciona com a prevenção de imprevistos?

Mesmo que se tenha um plano completo de segurança, com treinamento constante e equipamentos disponíveis, é muito difícil prever todas as situações que podem acontecer caso haja um incidente mais grave. Mas é exatamente esse preparo, segundo Marcelo, que facilita a tomada de decisões em situações adversas seguindo protocolos bem determinados.

“Os procedimentos visam preparar as tripulações e técnicos de bordo para cenários de grandes ocorrências e para que possam tomar as ações de forma assertiva e no menor espaço de tempo possível em cenários reais.”

Se cada pessoa dentro desse planejamento, no apoio offshore, sabe suas responsabilidades e como agir em cada situação, fica muito mais fácil prever, prevenir e mitigar. “Os treinamentos robustecem a percepção de risco e trabalham para a conscientização a respeito do trabalho seguro.”

Como seguir corretamente as orientações?

Conhecimento e preparo são as chaves para um processo de Salvatagem seguro e bem realizado. Como aponta o gerente de operações, entre os registros de acidentes as causas contribuintes geralmente são:

  • percepção de risco inadequado;
  • aceitação de baixos padrões pelos profissionais;
  • indisciplina operacional;
  • desatenção;
  • treinamentos ineficazes;
  • não utilização dos recursos disponíveis para navegação segura, entre outros.

Portanto, é crucial ter em mente algumas recomendações vitais para o sucesso na prevenção e mitigação de acidentes, seguindo orientações como as apontadas a seguir.

Elaborar e conhecer o plano de segurança

O plano de segurança deve ser uma determinação objetiva, informativa e instrutiva para todos os profissionais relacionados à operação em unidades flutuantes offshore. Tê-lo em mente na hora de um incidente pode salvar vidas.

Realizar e participar de treinamentos

O treino teórico e prático para ação em emergência é fundamental na segurança do trabalho. É preciso que todos os envolvidos tenham um bom conhecimento sobre equipamentos, sinalizações e até na realização de exercícios de emergência.

Fazer simulações

As simulações são a melhor forma de preparar trabalhadores para situações adversas. São exercícios que propõem um cenário adverso de forma controlada, a fim de dar aos colaboradores uma noção do que podem encontrar e como se portar diante de uma situação real.

Manter diálogos de segurança constante

Conversar sobre segurança, seja de maneira informal ou por meio de comunicação interna, garante a fixação e atualização de medidas, práticas e equipamentos fundamentais para a vida dos trabalhadores. E essa iniciativa deve partir de todos, principalmente de quem tem poder de decisão e influência.

Que equipamentos são necessários?

O conhecimento sobre os equipamentos necessários para a Salvatagem offshore é uma dessas práticas que fazem toda a diferença no sucesso da prevenção de acidentes e, principalmente, na minimização de riscos durante o procedimento.

São muitas ferramentas, materiais e dispositivos relacionados à segurança em embarcações offshore. Entre os mais importantes, estão:

  • baleeira;
  • bote e balsa salva-vidas;
  • coletes e boias salva-vidas;
  • equipamentos de comunicação e localização;
  • artefatos pirotécnicos;
  • roupas de imersão;
  • mantas de proteção térmica, etc.

Esses equipamentos estão prioritariamente ligados à sobrevivência em alto-mar, de acordo com a necessidade de evacuação em incidentes mais graves. Além desses, Marcelo Knaak aponta que existe uma gama ainda maior de itens de segurança offshore que compõem as exigências da SOLAS e das NORMAMs para as embarcações.

A ideia desses equipamentos e protocolos é sempre prevenir e aumentar a segurança. Mas, caso a ocorrência seja inevitável, proteger a vida dos trabalhadores é a prioridade na Salvatagem. Por isso, conhecimento, preparo e responsabilidade devem fazer parte da rotina do setor.

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