Conheça 5 tecnologias inovadoras no mercado de O&G

  • 21/01/2020
  • 9 minutos

A aplicação de tecnologias inovadoras no mercado de O&G (Oil & Gas) — Óleo e Gás — vem sendo utilizada pelos principais players do setor. Sendo naturalmente mais conservador e, por vezes, refratário ao uso de ferramentas mais novas. Hoje, a conjuntura está mais aberta à adoção de recursos digitais.

É o que nos diz José Pedro Almeida, presidente da Lila Online, uma refinaria de dados, categoria de empresa voltada à coleta e transformação de dados para uso estratégico. Ele é o nosso convidado para expor em que pé está o mercado de tecnologia aplicada às operações Offshore e em outros contextos no comércio marítimo. Confira o que ele tem a nos dizer.

Tecnologias inovadoras no mercado de O&G (Oil & Gas)

A própria entrada de empresas como a Lila Online é uma prova de que o setor de O&G (Oil & Gas) está mudando. Em parte, essa entrada pode ser creditada a uma gradual mudança de mentalidade das pessoas que decidem. Por outro lado, também se deve às novas políticas governamentais de incentivo à Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I), da qual falaremos mais adiante.

De qualquer forma, de acordo com José Pedro Almeida “a digitalização e a indústria 4.0 estão entrando com tudo no mercado O&G (Oil & Gas) e, no meu ponto de vista, embora setor ainda seja conservador, tenho gostado de ver essa tendência de abertura para novas tecnologias e possibilidades”.

Ele aponta para as principais tecnologias que estão mudando a cara do setor e que devem mudar paradigmas para os próximos 5 anos. Veja!

1. Dynamic Positioning System

Um sistema de Dynamic Positioning System é como se fosse uma âncora por GPS. Ela serve para manter o navio que faz o alívio das plataformas que não estão ligadas a dutos de escoamento — Shuttle Tanker — fixo em uma posição. Sem esse recurso, ele estaria à mercê da força das marés e dos ventos, portanto, exposto ao risco de perda de controle e, assim, ter sua posição alterada.

O DP é, geralmente, usado em navios de pesquisa e embarcações de perfuração que navegam nas partes mais profundas do oceano, onde ventos e ondas tendem a se alterar continuamente.

Em situações como essa, pode ser um problema para a tripulação de um navio colocar as âncoras. Assim sendo, um navio habilitado com essa tecnologia pode antecipar mudanças no vento e nas ondas, alterando ou mantendo seu curso e/ou posição em segurança.

2. Digital Twin

“Já o Digital Twin simula as condições de desempenho de um equipamento similar. Ele cria um ambiente controlado, no qual é possível fazer testes de estresse, condições climáticas, entre outros fatores. Dessa forma, ele é extremamente útil por reduzir a incerteza nas operações na hora em que elas migrarem para o ambiente real”, relata José Pedro Almeida.

Trata-se de uma das tecnologias mais em voga no contexto da Transformação Digital, sendo amplamente utilizada nas indústrias automotiva e para monitorar o ciclo de vida de produtos. Ela é desenvolvida por meio de Inteligência Artificial, Machine Learning e dentro do conceito de Internet das Coisas (IoT), pelo qual máquinas e equipamentos são integrados online.

3. FPSO

Uma outra inovação que tornou a produção e o transporte no setor de O&G (Oil & Gas) mais ágil é a chamada FPSO — Floating Production Storage & Offloading Vessel. Ela consiste em um navio, adaptado para fazer as funções de uma plataforma.

Sendo assim, um FPSO também tem capacidade de tratar e estocar petróleo. Nesse ponto percebe-se o quanto a evolução tecnológica vem beneficiando o setor e os navios desse tipo.

4. Impressão 3D

Também merece destaque a aplicação da impressão 3D como recurso para reduzir o risco nas operações. “Vários mecanismos usam isso para diminuir peso, por exemplo”, ressalta José Pedro Almeida.

Um bom exemplo do uso dessa tecnologia vem da Shell, que já a emprega em larga escala para fabricar equipamentos de alta complexidade. Foi o que a multinacional fez no projeto Stones, no qual foi testada uma nova espuma sintética nas operações com FPSO.

5. Robótica e Nanorrobótica

Uma das tecnologias inovadoras no mercado de O&G (Oil & Gas) é a aplicação de robótica e nanorrobótica. Sobre esse segmento, o presidente da Lila Online destaca as capacidades dos robôs nas operações: “eles — os robôs — conseguem transmitir dados para mapear características de um poço, por exemplo. Nesse caso, é possível que um poço tenha 200 sensores com emissão de dados 24 horas por dia e 7 dias por semana”.

Os impactos no mercado e nas operações Offshore

“As tecnologias trazem mais certezas sobre os processos. Trabalhar com Petróleo envolve muito investimento e o tempo de resposta quando surge um problema é muito curto. A tecnologia traz mais agilidade e, assim, mais segurança nas operações Offshore. Abrem-se assim mais possibilidades para dar respostas aos desafios diários”, diz Almeida.

Almeida ainda acrescenta: “nos próximos 5 anos as rotinas serão mais fáceis e os profissionais do ramo terão uma qualidade de vida melhor”.

O panorama da indústria brasileira

Não há desenvolvimento tecnológico quando não há incentivo para a pesquisa e desenvolvimento. Nesse sentido, um importante avanço está sendo celebrado pelos profissionais da indústria de O&G (Oil & Gas). Trata-se do novo conjunto de regras da Agência Nacional de Petróleo (ANP) no sentido de desburocratizar o setor.

Um desses avanços é a desobrigação das petroleiras em comprovar que uma empresa parceira em PD&I é nacional com base tecnológica. Com a nova regulamentação, basta apenas que a empresa seja brasileira.

Outro avanço, segundo José Pedro Almeida é “a cláusula de PD&I da ANP, pela qual todos os operadores de petróleo têm que gastar 1% da receita da produção com projetos de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I). Assim, será formado um grande fundo para agilizar os projetos voltados ao desenvolvimento tecnológico”.

Desafios e expectativas para os próximos anos

Deve-se considerar, ainda, que a parceria entre startups tecnológicas e o setor de O&G (Oil & Gas) é extremamente recente e carece de mais atenção, dada as possibilidades. Por isso, José Pedro Almeida entende que o primeiro passo a ser dado é mapear todos os processos para a eventual criação de contratos inteligentes, ou smart contracts, como também são conhecidos.

Ele finaliza: “a vantagem do smart contract é que não precisa mais da presença humana para ser operado. A relação contratual é escrita em código e, utilizando o “blockchain”, e a relação entre operador e concessionário passa a ser automatizada, operada e criptografada em um ambiente virtual seguro comum entre as partes interessadas.

E continua: “acredito que o Brasil tem o potencial para ser um dos top 5 produtores mundiais de petróleo e as tecnologias inovadoras nos ajudarão a chegar lá mais rápido do que imaginamos — caminhamos para isso!”.

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