A segurança no transporte de cargas de alto valor
- 22/06/2022
- 11 minutos
O mercado de luxo está em franco crescimento no Brasil. A previsão é que ele movimente R$ 29 bilhões em 2023, de acordo com a consultoria Euromonitor Internacional. E nem mesmo a crise que afetou a economia brasileira influenciou esse segmento. De 2013 para 2018, o aumento do mercado de luxo no país foi de 26%.
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Ainda assim, há quem diga que os números estão aquém do potencial de compra desse público, com espaço para crescer ainda mais.
Com o crescimento do mercado de luxo aumenta também a necessidade de proteção adicional, assim como para toda e qualquer carga de valor agregado que atraia a atenção de quadrilhas organizadas de roubo de carga no Brasil. De acordo com o vice-presidente para Assuntos de Escolta Armada na Fenavist e Presidente da Macor Security, Autair Iuga, nisso se enquadram as atividades de segurança privada.
“Nelas se destacam a proteção de personalidades como empresários e seus familiares (VSPP), de seus negócios e residências (segurança privada vigilância) e nos produtos de valor agregado, quando de sua movimentação e armazenamento da Escolta De Carga. Todas essas atividades devem ser regulamentadas e autorizadas pelo Ministério da Justiça e fiscalizadas pela Polícia Federal”, explica.
Cofre do Centro Logístico Santo André, da Wilson Sons
A tecnologia nas operações
A tecnologia também é bem-vinda e fundamental em todos os casos de segurança privada, tais como câmeras, sensores, alarmes, rastreadores, botões de pânico, gravação e armazenamento de imagens, entre outros. O crescimento do mercado de luxo no Brasil se deve, em boa medida, ao incremento das importações, o que faz, a cada ano, elevar as solicitações de Escolta Armada.
“Considerando este segmento, podemos afirmar que a alta das importações geraram um aumento de 8% nas contratações de funcionários. E, também, na utilização de armas, coletes de proteção balístico e viaturas apropriadas”, destaca Iuga.
Para o vice-presidente para Assuntos de Escolta Armada na Fenavist e Presidente da Macor Security, 2022 será um ano de muita expectativa para a segurança privada, quando espera-se que seja sancionado o Estatuto da Segurança que está sob análise há quase uma década. “A sanção está agora na reta final, e isso é uma necessidade nacional de modernidade e eficiência”, ressalta. Além disso, a queda dos juros e a possível reforma da previdência são também mudanças favoráveis para a segurança privada.
Outro fator favorável para a segurança de cargas de alto valor agregado são as certificações, como as OEAs (Operador Econômico Autorizado), que também geram a diminuição da burocracia, a redução de custos e do tempo na Aduana. Vale destacar que a consultoria e o treinamento com especialistas em segurança diminuem a distância e a aplicação das técnicas mais perfeitas e adequadas para o atendimento da demanda, pois certamente apenas profissionais especializados e autorizados darão sequência até o término da missão, garantindo a segurança exigida.
Sigilo e segurança
O sigilo é outro ponto a ser observado na segurança das cargas de alto valor agregado — varejo de luxo, indústria química e itens de defesa. Antes mesmo de o processo ter início, com as assinaturas de NDAs (no-disclosure agreements), o projeto de segurança de cargas só pode ser acessado pelas pessoas que estão diretamente envolvidas, ou seja, profissionais específicos na atuação dessa logística.
A segurança é a soma da infraestrutura e dos procedimentos. Essas duas premissas estão diretamente ligadas e precisam andar juntas para a segurança do processo. Na infraestrutura, é necessário contar com aparatos e processos fortes, desde equipamentos com hardware e software para ajudar na gestão da operação. A Wilson Sons tem, por exemplo, sistemas de CFTV, operados por meio de um bunker, e uma seguradora de risco, numa área isolada. O acesso acaba sendo restrito para operação das câmeras. Também existe o controle biométrico para as áreas onde as caixas ficam armazenadas, apenas alguns colaboradores têm permissão para acesso.
O trabalho integrado é importante para garantir a segurança da carga quando chega em uma zona de fronteira, aeroporto ou porto. Na Wilson Sons existe um sistema integrado com a Receita Federal que faz com que saibamos exatamente o horário em que a carga vai chegar e de que maneira. Assim, a logística é preparada para a chegada de cada uma especificamente. Existem alertas que enviam essas informações da carga para o fiel depositário e para o operador que está no gate.
Dessa forma, é feita a conferência e se tem conhecimento de qual é o veículo, a placa e, no caso marítimo, o número do contêiner. Há leitores automatizados de placas que garantem que a carga chegou. O motorista já está registrado no banco de dados, o que também oferece mais segurança à operação. Quando tudo isso é validado, vem a autorização para a carga ingressar. Ela vem lacrada pela Receita Federal e o trânsito é concluído quando a segurança física e digital garantem que esse lacre tenha o mesmo número — ou seja, asseguram que a carga não foi violada. O sistema de transporte também sabe identificar se essa carga foi desviada ou não porque o percurso é monitorado e há um prazo final para chegar.
Os indicadores de performance no setor
Para garantir total segurança de cargas de alto valor agregado é importante ter indicadores de performance. Existem indicadores bastante operacionais, de tempo de permanência. Como por exemplo:
- Quanto tempo demorou para a carga sair;
- Tempo que levou para ser descarregada;
- Em que momento foi constatada a presença de carga.
Tudo isso também é validado pela Receita. E, ao final do processo, após o armazenamento, registramos o local onde foi armazenada, os endereços físico e do sistema.
A Wilson Sons tem indicadores de performance próprios e que podem ser construídos de acordo com necessidades de clientes para medir a eficiência na segurança de cargas de alto valor agregado. Mas também é possível estabelecer novos índices de qualidade e controle a partir das necessidades de cada cliente. É montado um painel, atualizado semanalmente ou diariamente, se for o caso.
Qualificação dos operadores
A qualificação dos operadores de cargas de alto valor agregado também precisa ser alta. “Os operadores devem ser treinados quanto à segurança patrimonial, roubo e avaria. O transporte de cargas de alto valor exige preparo para atuação, tanto no âmbito de manuseio de equipamento, operadores de empilhadeira quanto no manuseio direto, para que não haja danos. Os operadores passam por reciclagens constantes para garantir a avaria zero no transporte de cargas.
É preciso cuidar ainda das cargas com muita liquidez, ou seja, cargas de alto valor que podem ser facilmente absorvidas pelo mercado clandestino. Isso requer um cuidado maior na operação, para garantir que sejam realmente resguardadas.