O que a indústria de transporte e logística pode aprender com o Tour de France?

  • 19/03/2019
  • 8 minutos

O Tour de France é a maior competição de ciclismo do mundo — durante mais de 20 dias, equipes de ciclistas participam de provas diversas na França e em outros países da Europa. São 21 etapas, que exigem habilidades distintas dos atletas e muita coordenação entre eles.

Para quem não atentar aos detalhes, o Tour de France pode parecer meramente uma longa corrida de bicicletas, que não apresenta tantos desafios além da distância a ser percorrida. Da mesma forma, as atividades de transporte e logística talvez não pareçam tão complexas, à primeira vista, e não passem de transportar mercadorias de um ponto a outro.

Sob um olhar mais detido, as duas têm muito em comum, e exigem esforços estratégicos consideráveis para ser bem realizadas. Rafael Llerena, CEO da Easyfresh Logistics, enxerga bem essa relação, e conversou conosco sobre as lições que o Tour de France tem a ensinar à logística.

“Corridas de longa distância requerem uma fé constante no que você faz. Você pode perder um cliente, mas o número de outros possíveis alvos comerciais para substituí-lo é impressionante. E isso acontece sempre.” Diz o CEO.

Ele continua: “uma oportunidade pode aparecer a qualquer momento logo depois de um fracasso. Como no Tour de France, o trabalho de um profissional de transporte e logística exige força de vontade, crença no portfólio de serviços e metas de longo prazo claros”.

Quer saber de que outras formas uma competição de ciclismo pode ajudá-lo a aprimorar sua rotina de trabalho? Continue lendo!

Lidar com a incerteza

“A incerteza é claramente o maior desafio da indústria da logística”, afirma Llerena. Ele ressalta como a velocidade dos acontecimentos nas operações e as mudanças no panorama do setor não permitem que os envolvidos descansem a atenção por um segundo sequer. Para o CEO, é preciso estar sempre pronto para se adaptar às novas circunstâncias de mercado para sobreviver.

Os competidores do Tour de France também precisam lidar com a incerteza a todo instante. Afinal, em uma corrida, as posições podem se alterar rapidamente. É preciso atenção para não perder posições, assim como os profissionais de transporte e logística precisam estar alertas para acompanhar alterações no mercado para evitar ficar para trás.

Llerena cita, como exemplo, o modo como a geopolítica tem se tornado um fator cada dia mais essencial no transporte e logística de contêineres. Não é algo sob controle de afretadores, agenciadores ou de quaisquer profissionais de transporte e logística, entretanto todos eles precisam se adaptar às circunstâncias vigentes.

Investir no trabalho em equipe

O Tour de France é disputado por equipes, cujos membros se organizam estrategicamente durante todo percurso da competição — em determinados momentos, trocam de posições para minimizar os efeitos do vento sobre o grupo, por exemplo. Trabalhar completamente sozinho deixaria a prova muito mais difícil, da mesma forma como os esforços de logística se tornariam impraticáveis sem um bom trabalho em equipe.

A articulação entre todos os envolvidos nas atividades de transporte e logísticas é fundamental para o sucesso das operações. Isso vale para o time da própria empresa e para o diálogo dos outros agentes da logística. No caso de um afretamento, por exemplo, um bom diálogo entre o afretador e o armador é imprescindível.

Llerena lembra que a logística é um negócio feito por pessoas. Para aprimorar o trabalho com elas, o CEO sugere: “A habilidade de reunir a melhor equipe e mantê-la motivada, bem treinada e focada no consumidor deveria ser um recurso para superar os desafios que surgem.

Uma boa equipe deve estar apta a encontrar soluções para os consumidores para se destacar na competição do mercado. Para isso, é preciso combinar uma gerência determinada, vontade genuína de seguir em frente e investimento em recursos humanos”.

Ser transparente na comunicação

Pedalar durante mais de 20 dias em equipe seria praticamente impossível se não houvesse uma boa comunicação entre os membros do time. Nessa competição, simplesmente contar com os melhores ciclistas não garante a vitória — é necessário que todos estejam cientes das estratégias

Trabalhar com transporte e logística é parecido. Llerena ressalta especialmente o cuidado necessário na orientação das pessoas que entraram há pouco tempo no ramo. “Um jovem faz apenas o caminho de A a B, em vez de todos os aspectos das funções de trabalho, limitando o entendimento dos negócios e as razões pelas quais está desempenhando este ou aquele papel”.

O transporte e logística — e o Tour de France — envolvem diversas etapas, por isso é necessário que cada detalhe seja bem comunicado. Assim, é possível passar para a próxima sem falhas de comunicação e possíveis prejuízos.

Isso é válido entre o time e, claro, entre os parceiros de negócios, que esperam que contratos e negociações especifiquem exatamente o que é esperado de cada parte. Como citamos em nosso post sobre principais erros cometidos pelos afretadores, não conhecer bem seu counterpart é uma grande equívoco.

Prezar por uma boa liderança

Na competição de ciclismo, um bom líder é fundamental: é ele quem estimula os parceiros de equipe a seguirem em frente. Na verdade, no caso dos gregários — ciclistas de apoio ao principal competidor —, a configuração da equipe é feita justamente para auxiliar a performance do líder.

Na logística, o papel do líder não é menos importante. Llerena conta: “Eu comecei a trabalhar no setor no final dos anos 80, e tive oportunidade de atuar em muitos departamentos. Me formei na universidade e fiz outros estudos, mas nenhum professor me ensinou o que eu aprendi com os gerentes em cada departamento. Eles me guiavam e realmente me ensinavam”.

Ele acredita que, hoje em dia, o cenário seja diferente para quem está começando na indústria. Na perspectiva do CEO, muitas vezes, o treinamento dos novatos não é aprofundado.

Assim como no Tour de France, uma boa liderança deveria ser capaz de motivar todo o time a fim de obter os melhores resultados. Sem ela, a competição perderia o rumo.

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